Cheia recorde em Manaus muda rotina e desafia equipes envolvidas na vacinação

Rio Negro atingiu pior nível desde início dos registros, em 1902, atingindo pelo menos 40 mil pessoas na capital amazonense

  • Por Jovem Pan
  • 06/06/2021 10h24 - Atualizado em 06/06/2021 10h31
Ruam Souza/Semcom pessoa vacinando em Manaus Para vacinar pessoas, profissionais de saúde enfrentam enchente em Manaus

A situação é caótica para muitos moradores de Manaus, no Amazonas, após o nível do Rio Negro alcançar 30 metros neste sábado, 5, maior cheia desde o início dos registros em 1902. Com a água já invadindo a casa onde mora, a cozinheira Elva da Silva Ferreira cobra das autoridades medidas urgentes. “Pessoal prometeu que veio fazer uma ponte, nunca vieram. É assim. A gente está esperando a Defesa Civil vir, buscar auxílio família ou a ponte, para a gente ficar andando tranquila, né?”, pontuou. A cidade tem pelo menos 24 mil famílias prejudicadas pela inundação que tem atingido, desde o mês de abril, pelo menos 15 bairros. Em diversos pontos, a circulação de pessoas ocorre somente por meio de passarelas.

Segundo o prefeito de Manaus, Davi Almeida (Avante), outras medidas serão tomadas assim que o nível do rio começar a descer. “Nós construímos passarelas para as pessoas transitarem, e também se tornou uma atração turística da nossa cidade, porém, como o rio já atingiu a sua maior cota, estamos torcendo agora para que esse rio comece a abaixar. Baixando o rio, a partir do momento que o rio começar a descer, temos programado o kit higiene e o kit dormitório. Além disso, já estamos providenciando a sanitização e a limpeza de todas as áreas atingidas pela enchente , disse. A água do Rio Negro também invadiu o local no qual funcionava a mais tradicional feira da capital, a Manaus Moderna, obrigando os trabalhadores a serem transferidos para uma balsa. Comerciantes também relatam prejuízos. Lojistas tiveram os estabelecimentos alagados, mesmo com as contenções para impedir a entrada da água.

Em todo o Amazonas, já são mais de 400 mil pessoas afetadas; das 62 cidades, 48 estão em situação de emergência. Apesar do transtorno, profissionais de saúde continuam enfrentando a enchente para levar a vacina a uma comunidade rural. Para chegar até os moradores, a técnica de enfermagem Samayra Gomes precisa literalmente se pendurar nas vigas de madeira. Segundo ela, o propósito é maior que as dificuldades. “A gente está indo na comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a gente está querendo atingir 100% da população na comunidade e a gente tem fé em Deus que vai conseguir”, afirmou. O agricultor Reginaldo Pacheco já foi infectado pela Covid-19 e diz que a vacina representa uma esperança. “Eu peguei, pensei que não ia voltar mais para esse mundo, mas graças a Deus estou aqui bem forte e agora mais aliviado, com uma esperança a mais”, falou. Para o fazendeiro Nailson de Oliveira, a sensação de tomar a vacina é de felicidade. “A gente está com a notícia de que muitas pessoas morreram por não ter aceitado tomar a vacina, tem muita gente que não quer, mas tem gente que quer também”, disse. O novo recorde da cheia do Rio Negro foi batido no dia 1ª de junho, quando o nível chegou a 29,98 metros, ultrapassando em 1 centímetro o recorde de 2012. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, o “patamar normal” do rio é quando ele está abaixo dos 27 metros.

*Com informações da repórter Letícia Santini

 

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