Com auxílio insuficiente, doações viram única alternativa para alimentar famílias

Estudo aponta que o novos valores da ajuda assistencial não serão suficientes para cobrir as necessidades básicas dos beneficiários em nenhum dos Estados brasileiros

  • Por Jovem Pan
  • 31/03/2021 10h13 - Atualizado em 31/03/2021 18h09
EFE/ Antonio Lacerda doação-coronavirus-brasil Cezar Snyper explica que em todas as comunidades de São Paulo falta o básico: alimentos, kits de higiene, remédios e roupas

O governo federal começa a pagar, em abril, a prorrogação do auxílio emergencial. O benefício, que chegou a ser de R$ 600 em 2020, agora será de R$250 para famílias com mais de uma pessoa ou R$ 375 para aquelas em que apenas mulheres são provedoras. No caso de pessoas sozinhas, o valor cai para R$ 150. Os novos pagamentos serão feitos até julho. O auxílio ficou suspenso por quatro meses; mesmo com a volta do benefício, no entanto, um estudo divulgado pelo Insper aponta que o valor não é suficiente para cobrir as necessidades básicas dos beneficiários em nenhum dos Estados do Brasil.

Na comunidade de Olaria, no Extremo Sul de São Paulo, a situação não é diferente. Com o avanço da pandemia e os empregos cada vez mais escassos, a vida continua difícil. A cozinheira Deise Silva Praça dos Santos e o marido estão vivendo de bicos e doações há meses; ela conta que além da falta de alimentos, também não há como se prevenir corretamente da Covid-19. “Praticamente todas as famílias estão presas dentro do barraco, que é um calor terrível. Quando chove é enchente, a gente fica dentro d’água, não temos assistência nenhuma do governo. Nós estamos precisando de auxílio, álcool gel, essas coisas, sabe?”

O cenário é parecido na casa da vizinha, Cristiane Nunes de Macedo, que mora com seis familiares. Por lá, todo mundo está desempregado, e o pouco que compartilham vem da aposentadoria da mãe. “Na minha geladeira tem água, ovo e salada. O que mais está faltando para a gente é absolutamente tudo, o básico que era fácil a gente ter, arroz e feijão, está faltando dentro das casas”, relata. Olaria conta com quase 3 mil famílias. A líder comunitária do local, Regina Célia, tenta conseguir alimentos e produtos de higiene para todos. “Essa pandemia veio para destruir. Todo dia tem pessoas na frente na minha casa pedindo cestas básicas e não temos para doar”, disse.

A ajuda tem vindo de institutos como o Brasil 200, que desde o início da pandemia trabalha com a doação de cestas básicas para famílias vulneráveis. A entidade está unida a Pequeno Mestre, que faz a distribuição desses alimentos. O presidente da ONG, Cezar Snyper, explica que o projeto já se espalhou por diversas comunidades. “Temos comunidades que atendemos na Zona Sul, no Itaim Paulista, Jaguari, em Osasco. Hoje, temos trabalhos dentro de 19 comunidades. Algumas comunidades são gigantes, então se falar de impacto, estamos falando de no mínimo 350 mil pessoas”, afirmou. Segundo Snyper, não só em Olaria, como em todas as comunidades de São Paulo, falta o básico: alimentos, kits de higiene, remédios e roupas.

*Com informações da repórter Beatriz Manfredini

 

 

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