Com avanço da Covid-19, escolas particulares suspendem atividades presenciais em SP

Após casos da doença, ao menos três colégios já suspenderam as atividades para alunos do ensino médio e fundamental

  • Por Jovem Pan
  • 19/11/2020 08h21 - Atualizado em 19/11/2020 10h22
MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO O número de internações pela Covid-19 na rede municipal de São Paulo saltou 26% na última semana

Mesmo gostando de estudar em casa, o Estevão Martins ainda sente falta do convívio com os amigos e professores. A escola do garotinho de 10 anos, na zona leste de São Paulo, reabriu recentemente para atividades de reforço, mas ele ainda não voltou a frequentar o local. “Tá sendo legal, mas dá muita saudade da escola. Eu espero logo voltar, porque eu adotava ir para a escola. Eu gostava de aprender, falar com meus amigos, ver de pertos eles, online você não vê eles pessoalmente”, conta o menino.  A mãe do Estevão, Elane Martins, diz que não vai mandar o filho pra escola nem quando a vacina contra o coronavírus estiver disponível. “Como vai ter muita criança, a gente sabe que as crianças são assintomáticas. Nós ficamos com receio, não por desconfiar da escola. Nossa decisão é que ele continue com as aulas online, porque será um menor risco dele se expor ao ter contato com outras crianças e trazer até pra casa.”

Na capital paulista, pelo menos três escolas particulares suspenderam as atividades presenciais para alunos do Ensino Médio e Fundamental, após casos da doença serem diagnosticados dentro das unidades. Segundo o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, Benjamin Ribeiro da Silva, o retorno para estudantes mais velhos foi um equívoco. “O aluno do Ensino Médico é irreverente, ele precisa de autoafirmação, não atende regras, é o tal do aluno ‘aborrescente’, ele está testando todo mundo. Na escola, hoje estamos trabalhando com oito ou dez alunos em uma sala de aula, ele estará melhor protegido na escola do que na festinha. Você viu que os alunos que se infectaram estavam em uma festinha.”

O médico infectologista, Renato Kfouri, ressalta que não é o momento de se apontar culpados pelo aumento do contágio. “É impossível caracterizarmos um grupo que seja o responsável porque toda essa dinâmica é entrelaçada. Países que estão voltando as medidas restritivas estão mantendo as escolas funcionando. As crianças parecem não desempenhar um papel tão importante na cadeia de transmissão”, relata. Nesta semana, a Universidade de São Paulo (USP) anunciou a suspensão do retorno de funcionários às atividades presenciais após o aumento do número de casos de Covid-19 no estado. Não houve alteração em relação às aulas de graduação e de pós-graduação, que continuam a ser ministradas de maneira remota até o final do ano. Na última semana, o número de internações pela Covid-19 na rede municipal de São Paulo saltou 26% e a taxa de ocupação de leitos de UTI também aumentou de 32% para 44%. Hoje, a prefeitura da capital vai apresentar novas medidas de combate ao coronavírus e a expectativa é de anúncios em relação às escolas da cidade.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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