Trajetória de Lula no segundo turno contou com forte atuação de Tebet e apoio de ex-adversários

Campanha petista adquiriu nova roupagem na reta final da disputa e colecionou apoios de antigos adversários políticos para tentar ampliar vantagem na corrida pelo Palácio do Planalto

  • Por Jovem Pan
  • 30/10/2022 12h12 - Atualizado em 30/10/2022 13h38
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Reprodução/Flickr/Lula Oficial Simone Tebet Lula Simone Tebet declarou apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições

A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou com uma nova roupagem na reta final das eleições de 2022 com o objetivo de atrair a maior quantidade de votos possível entre indecisos, pessoas que não votaram, eleitores de centro e até conservadores. A equipe petista foi pega de surpresa com o resultado apertado do 1º turno, pois havia a expectativa de vitória ou de uma maior distância entre o ex-presidente e Jair Bolsonaro (PL). Após o resultado do pleito, Lula prometeu em discurso que iria construir um bloco de apoio e disse ser um “especialista” em ganhar no 2º turno. “Não descansem, vamos conversar com nossos adversários, com nossos amigos, com aqueles que pensam que não gostam de nós e convencê-los de que nós seremos a melhor solução para melhorar a vida do povo brasileiro”, afirmou o petista na época e também disse que o 2º turno seria uma oportunidade para um debate frente a frente com o atual presidente, quando compareceu a dois dos quatro debates organizados por veículos de imprensa. O primeiro apoio formal à chapa Lula-Alckmin veio do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Ciro Gomes (PDT), disse que seguiria as orientações da sigla, mas gravou um vídeo de apoio sem citar o nome do petista e não participou de eventos de campanha.

Logo em seguida, Simone Tebet (MDB) formalizou seu apoio ao candidato em discurso: “Fica o compromisso, não apenas do meu voto, mas do meu total apoio à sua campanha e ao seu governo. Vamos juntos até o dia 30 de outubro, andar nas ruas e praças do Brasil para mostrar que o Brasil que queremos, que é um Brasil de todos nós, só pode ser feito e construído pelas mãos do presidente Lula e de Geraldo Alckmin”. A senadora passou a ser membro ativo da campanha e sugeriu, inclusive, mudança de cores nas peças publicitárias. Tebet também incluiu propostas no plano de governo petista, fez atos ao redor do Brasil e subiu em palanques ao lado do candidato. Depois de firmada a aliança, Lula também se comprometeu a colocar mais mulheres em seu governo e promover igualdade salarial. Outros nome se juntaram à chapa e foram celebrados pela campanha, inclusive membros antigos do PSDB, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e José Aníbal. Também manifestaram apoio João Amoêdo, Persio Arida, Joaquim Barbosa e Henrique Meirelles. Com tantos apoios, Lula foi constantemente questionado sobre quem seriam seus ministros, principalmente o da Economia, mas preferiu dizer que não escolheria ninguém antes de sentar na cadeira do Palácio do Planalto.

O petista também tentou fazer acenos ao mercado durante o 2º turno e lançou a “Carta Aos Brasileiros” com 13 propostas para o país e a promessa de responsabilidade fiscal e social. O candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), foi enviado para cumprir agendas sozinho com setores do agronegócio. Paralelamente, Marina Silva (Rede), Simone Tebet e Armínio Fraga receberam mais de 600 empresários e autoridades que estavam indecisos em um jantar. Para conquistar a população, a equipe petista definiu como principais focos da campanha o Sudeste, onde Lula pretendia ampliar a vantagem em Minas Gerais e virar o jogo em São Paulo e no Rio de Janeiro, e o Nordeste, com foco em aumentar ainda mais o eleitorado na região em que o petista saiu na frente no 1º turno. Nos discursos, além dos ataques diretos a Bolsonaro, foram adotados temas econômicos e simpáticos à população e ao trabalhador, como salário mínimo, preço dos alimentos e desemprego. Apesar de internamente não querer falar sobre religião, Lula foi convencido por coordenadores de campanha a abordar o tema.

Em discursos, Lula chegou a falar em “pastores que mentem” e relembrou feitos de seu governo em favor da liberdade religiosa. Nas quatro semanas do 2º turno, o candidato esteve com representantes da Igreja Católica, segmento no qual lidera nas pesquisas, e com evangélicos, na tentativa de virar o jogo contra o setor no qual Bolsonaro tem larga vantagem. Para desmentir o boato de que fecharia igrejas, divulgou a chamada “Carta Aos Evangélicos”, na qual se comprometeu com a liberdade de culto, o fortalecimento da família e se disse contrário ao aborto. Na última semana, Lula intensificou o comparecimento a transmissões ao vivo na internet. Depois de sua participação atingir mais de 1 milhão de visualizações no Flow Podcast, a campanha petista ampliou o contato com influenciadores e youtubers para intensificar a aproximação com eleitores, principalmente os mais jovens.

*Com informações da repórter Beatriz Manfredini

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