Consumidor ‘se aperta’ atrás de melhor preço até na feira

Com os alimentos como um dos principais itens a puxar a inflação, distorção de valores é alta e muda semanalmente

  • Por Jovem Pan
  • 10/06/2022 13h05 - Atualizado em 10/06/2022 13h46
CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO Mercado Municipal de São Paulo Consumidores percebem altas variações nos preços dos alimentos em feiras livres

Os alimentos e os combustíveis são os grandes vilões da inflação no Brasil desde 2021, que, atualmente, contínua em mais de dois dígitos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, em abril, houve uma inflação de 1,06% e que, em maio, houve um recuo, 0,47%. Entretanto, nos últimos 12 meses, a inflação está acumulada em 11,63% no país. O valor é uma média, porque, quando o consumidor vai à feira livre, ele observa uma distorção muito grande. São números muito maiores em relação ao seu bolso na hora de levar os produtos para casa.

A equipe de reportagem da Jovem Pan foi até uma feira livre para ouvir o que alguns consumidores tinham a dizer sobre os valores. “Hoje em dia, os preços estão pela hora da morte, como diz o ditado popular. Na feira, você vê que a coisa está complicada. Tá tudo caro. Os preços estão pressionados, está tudo subindo. Na hora que vai comprar tem que escolher aquilo que está mais baixo, mais alto. Tem que escolher tudo, não só a alimentação, mas tudo, tem que escolher até preço de gasolina, diesel, etc, tudo”, diz um consumidor. Uma mulher comenta: “As coisas estão fora do normal. Todos os dias que a gente vem na feira, todas as semanas o preço é diferente. Nunca é igual. E nunca é para baixo, é para cima. A gente vai escolhendo, vai substituindo aquilo que está alto, a gente vai lá e deixa para trás, pega outro mais barato, vai tirando uma fruta e botando outra quando não, não compra, e assim vai levando”.

Os consumidores reclamam, mas os feirantes também falam que a situação piorou para eles na hora de comprar os produtos que vão revender na feira. José Luiz Trindade, que é feirante há 30 anos, fala que recebe muitas reclamações dos clientes sobre os preços, mas que também sente muitas oscilações em relação aos produtos. “Para nós é pior até, porque o preço oscila muito. Na semana passada, por exemplo, eu paguei R$ 140 no tomate. Esta semana, o mesmo tomate caiu para R$ 70, metade do preço. Isso atrapalha a manter uma clientela. Esse ano foi muito ruim, esse ano teve o fator chuva, frio, os insumos agrícolas também que influiu muito. Tem muito produtor com essa agricultura familiar, não estão conseguindo plantar, eles não estão conseguindo o adubo, enfim, os insumos agrícolas aumentaram. Mão de obra também ficou mais difícil. O hortifruti é como uma bolsa de valor, é oferta e procura”, diz.

Atualmente o Brasil enfrenta as consequências da pandemia da Covid-19, de uma forte seca, a maior em 91 anos, uma geada forte e muita chuva no final do ano de 2021. Os insumos agrícolas também subiram muito de preço e houve a guerra na Ucrânia, que fez os fertilizantes ficarem mais escassos no mercado. A expectativa do Banco Central é de inflção fique inferior a dois dígitos em 2022.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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