Coronavírus: Decisão de Trump de proibir voos repercute mal na Europa
O anúncio feito na noite de quarta-feira por Donald Trump na Casa Branca não caiu nada bem aqui na Europa. A decisão de proibir a entrada nos Estados Unidos de estrangeiros que estiveram no velho continente está sendo amplamente criticada nesta quinta-feira (12).
Não apenas pela aparente inocuidade da medida, mas sobretudo pela repercussão econômica em um momento grave para o continente.
Sem contar o fato de que os Estados Unidos, aparentemente, sequer consultaram seus aliados na região, tampouco calcularam as repercussões econômicas com as indústrias diretamente atingidas pela decisão.
Um estudo recente divulgado pela publicação científica americana Science demonstrou que as medidas de restrição de viagens tomadas pela China foram pouco efetivas, uma vez que o vírus já estava espalhado pelo país.
No máximo, atrasaram a progressão da epidemia no país em três ou cinco dias, de acordo com a pesquisa.
Outra questão é que Trump bloqueou todos os países do espaço Schengen, ou seja, todos os integrantes da União Europeia menos a República da Irlanda, mas deixou de fora a Grã-Bretanha.
De fato as contaminações aqui no Reino Unido ainda não são tão numerosas quanto do outro lado do Canal da Mancha.
Mas o próprio governo do conservador Boris Johnson reconhece que isso é apenas uma questão de tempo e que em no máximo duas semanas o país terá uma epidemia tão grave quanto as dos vizinhos.
Levando em consideração esses fatos, diversas lideranças europeias estão afirmando que Trump precisava de um bode expiatório para encobrir os problemas da administração dele nesta crise e os ditos globalistas europeus foram os escolhidos.
Ainda que para um bloco que tem a pretensa intenção de agir em uníssono a União Europeia está deixando muito a desejar.
A falta de coordenação interna é gritante e cada país tem tomada as suas próprias decisões diante desta grave crise.
Ontem eu falava aqui sobre uma tentativa de coordenação política, com o lançamento de um fundo bilionário, mas ainda é muito pouco.
A Áustria já decidiu fechar suas fronteiras com a Itália – a Hungria está impondo restrições para viajantes europeus também.
A Alemanha tentou bloquear a exportação de insumos e produtos que podem ser utilizados no combate à epidemia de coronavírus, sendo que pelas regras da UE tal restrição é proibida.
Logo, a total descoordenação traz um nível de ansiedade desnecessário para a população europeia, que está cada vez mais aflita com a situação, ainda mais agora com essas restrições vindas dos Estados Unidos.
No final, o que está claro é que o Ocidente como um todo está agindo de forma descoordenada, no que talvez possa ser compreendido como a primeira grande crise global pós multilateralismo.
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