Crise no Brasil deve persistir nos próximos meses, avaliam economistas
Apesar do andamento da vacinação contra a Covid-19, da reabertura do comércio e da retração econômica ter ficado abaixo do esperado, o cenário é de incertezas

Com cautela e pouco otimismo. É assim que especialistas avaliam que o mercado brasileiro vai reagir nos próximos meses. Apesar do andamento da vacinação, da reabertura do comércio e da retração econômica ter ficado abaixo do esperado, o cenário é de incertezas. Economistas estimam que a inflação deve ficar acima dos 7%. Mesmo patamar do IPCA que, segundo dados do relatório Focus, registra alta de 7,18% esse ano. Além do aumento do preço dos alimentos, o economista da FGV Ibre, Matheus Peçanha, considera que a grave crise energética causada pela falta de água é um dos principais fatores que tem causado impacto direto na economia. Por isso, a retomada do aumento dos níveis dos reservatórios é fundamental. “Se esse problema climático, principalmente estiagem, perdurar até o final do ano, a gente está projetando uma inflação na casa de 7,8%. Se tivermos um milagre de São Pedro e começar a chover onde precisa, a inflação deve ficar entre 7% e 7,3%.”
O desemprego é mais um fator que se soma aos ventos pouco favoráveis para o Brasil. A taxa de desocupação no último trimestre foi de 14,6% e a previsão é de que ela se mantenha nesse patamar nos próximos meses. Diante dessa situação, o país não vai apresentar grandes mudanças econômicas. É o que acredita a economista Milla Maia. “E o que acontece é que diminui também o consumo. As pessoas acabam poupando mais o seu dinheiro, colocando em aplicações de renda fixa, o que vai trazer um desaquecimento da economia”, afirma. Nem mesmo a aprovação da reforma tributária e a passagem da PEC dos gastos sinalizam otimismo ao mercado, reitera o economista Matheus Peçanha. “O saldo final vamos ver ao longo desse movimento do mercado, mas parece que o mau humor predomina, tanto pelo cenário macroeconômico quanto por essa PEC específica”, conclui. Outro fator de instabilidade no ambiente econômico é a crescente contaminação pela variante Delta do coronavírus, já predominante do Estado do Rio de Janeiro.
*Com informações da repórter Camila Yunes
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