Crise na Venezuela: Brasil não pode se comprometer com atos que poderia lamentar depois, diz ex-embaixador

  • Por Jovem Pan
  • 26/02/2019 09h09 - Atualizado em 26/02/2019 09h09
EFE “A intervenção é opção a ser afastada. Pressão diplomática é suficiente", disse ex-embaixador

Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (25) após reunião em Bogotá, na Colômbia, o Grupo de Lima rechaçou a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela. No texto, o grupo defende a transição democrática na Venezuela a ser conduzida de forma pacífica pelos próprios venezuelanos, sem o uso da força.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o ex-embaixador Marcos Azambuja avaliou de forma positiva a posta do grupo de Lima. “A intervenção é opção a ser afastada. Pressão diplomática é suficiente. O Brasil não pode se comprometer com atos que mais tarde poderíamos lamentar”, disse.

Segundo Azambuja, o Brasil tem fronteiras, interesses e deve exercer influência para que a América do Sul não se torne palco de instabilidades crescentes. “Isso não pode virar um Oriente Médio de intervenções múltiplas e agressões recíprocas”, completou.

Apesar da posição do Grupo de Lima, a situação na Venezuela ainda é de impasse. De um lado, países reconhecem a legitimidade do oposicionista Juan Guaidó; de outro, a ditadura continua presente.

Para o ex-embaixador, a diplomacia é feita de espera, pressão, mas não tem nenhuma garantia de sucesso. “Diplomacia é apenas o melhor caminho a uma intervenção que você sabe como começa, mas não sabe como acaba. Intervenções, no começo, parecem que resolvem tudo, mas não resolvem quase nada. Importante é exercer pressão para o retorno da democracia”.

Marcos Azambuja aproveitou ainda para reafirmar que Guaidó “é uma manifestação do esvaziamento de Nicolás Maduro”, mas que o reconhecimento de sua legitimidade é feito de forma equivocada.

“Eu não consigo imaginar reconhecimento de governo que não detém nenhum controle eficaz sobre o território ou sobre a população. Não sei se ele [Guaidó] pode voltar à Venezuela. Acho precoce esse reconhecimento. Maduro é chefe que tem de ser afastado pela sua própria gente. Ele é nefasto para a Venezuela”, lembrou.

Confira a entrevista completa com o ex-embaixador Marcos Azambuja:

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