Déficit habitacional supera um milhão de domicílios e população espera promessa por moradia em SP

Moradora da Zona Sul da capital paulista relata demora na entrega de residências construídas através de programa habitacional

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2022 11h55 - Atualizado em 17/08/2022 16h46
Jovem Pan News Déficit Habitacional Elaine vive em casa com condições precárias na Zona Sul da capital

O déficit habitacional no Estado de São Paulo supera 1 milhão de domicílios, segundo dados da Secretaria de Habitação. Elaine Cristina vive em Americanópolis, comunidade que fica na Zona Sul da capital paulista. Os dias têm sido complicados para ela. Desempregada, ela se mantém com bicos que faz como faxineira e com a verba do Auxílio Brasil. Ela diz que não passa fome e consegue comprar o básico para se alimentar, mas a casa em que mora não está em boas condições e corre o risco de desabar. Elaine vive no local há 19 anos, que faz parte de uma ocupação ilegal que foi cedida aos moradores por usucapião. No terreno, habitam outras famílias. Atualmente, Elaine mora com a filha Jennifer, mas, ao todo, são seis filhos, sendo que três estão em um abrigo e só poderão voltar para a guarda da mãe se ela estiver em um local com melhores condições. Há três anos, o juizado foi até a casa de Elaine e fez a determinação. Por isso, a prefeitura colocou seu nome na lista do programa habitacional. A casa tem três cômodos e muitas rachaduras. Uma das paredes está quebrada e, visivelmente, corre o risco de desmoronar. O teto não tem forro e quando chove, a residência fica molhada.

Até hoje, nada mudou e Elaine segue morando na mesma casa. Isso porque ela não teve nenhum retorno das autoridades até agora. Continua cuidando da casa como pode, mas segue risco aqui dentro. Ela conta que as obras do programa habitacional estão paradas e que a prefeitura alega não ter prazo para a previsão de entrega do imóvel. “Dessa última vez que eu fui, eles falaram que é tempo indeterminado para entregar o apartamento. Esses apartamentos da redondeza estão todos parados. Ninguém está trabalhando, então acho que vai demorar bastante”, diz Elaine. Enquanto isso, a faxineira diz sofrer com a ausência dos filhos. “Eu fico chateada porque eu queria estar com os meus filhos. Mas também, é muito bom o lugar que eles estão. Nessas condições não está. Eu queria que eles dessem um prazo de quando vai sair”, conclui Elaine. O advogado Rafael Arruda lembra que problemas assim são recorrentes no Brasil e que esse tipo de residência põe em risco não só as pessoas que vivem lá dentro, como também os vizinhos. Ele destaca que é necessária maior atuação do poder público. “Promovida a interdição da moradia, em último caso, realizar também o seu derrubamento, sua demolição. Claro, não basta apenas fazer isso. Cabe ao poder público a adoção de política habitacional, no sentido de garantir moradias populares a quem não tem moradia própria”, concluiu.

Confira a reportagem na íntegra:

*Com informações da repórter Camila Yunes 

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