Deputado defende marco temporal de terras indígenas: ‘Está na Constituição’

Supremo Tribunal Federal analisa o tema em julgamento nesta quarta-feira, 25; ministro Edson Fachin, relator do processo na Corte, já apresentou voto contrário à proposta

  • Por Jovem Pan
  • 25/08/2021 10h10 - Atualizado em 25/08/2021 10h11
GABRIELA BILó/ESTADÃO CONTEÚDO Indígenas se reúnem na Praça dos Três Poderes para forçar os Ministros do STF na votação do Marco Temporal para demarcação de terras indígenas. Grupos indígenas estão acampados na Esplanada dos Ministérios há alguns dias, em protesto contra a proposta

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve analisar, nesta quarta-feira, 25, a legalidade do marco temporal para demarcações de terras indígenas no Brasil. Considerando esse entendimento, índios só teriam o direito de reivindicar localidades em que eles já estavam estabelecidos antes da promulgação da Constituição de 1988. A pressão sobre a análise é grande, grupos indígenas estão acampados na Esplanada dos Ministérios há alguns dias, em protesto contra a proposta. O deputado federal Sérgio Souza (MDB), que é presidente da Frente Parlamentar da Agricultura na Câmara, acredita que ninguém, nem mesmo os ministros, sabem o “resultado que pode vir desse julgamento”. “Temos que olhar que todos somos brasileiros. Índios, negros, brancos, amarelos, abastados ou não, todos somos brasileiros regidos pela Constituição. O STF é guardião da Constituição e Supremo já decidiu há alguns anos que devemos respeitar a Constituição, que traz o seu marco temporal”, afirmou o parlamentar, que defende a proposta.

A assunto, no entanto, é contraditório. O ministro Edson Fachin, relator da discussão na Suprema Corte, já apresentou voto contrário ao marco temporal, afirmando que “a perda da posse das terras tradicionais por comunidade indígena significa o progressivo etnocídio de sua cultura, pela dispersão dos índios integrantes daquele grupo, além de lançar essas pessoas em situação de miserabilidade e aculturação”. Sérgio Souza rebateu afirmando que a proposta quer apenas respeitar as regras constitucionais. “Nós da frente parlamentar da agricultura não somos contra índio, se tem alguma terra que está dizendo que é dele e hoje é de produtor, pode demarcar, mas tem que indenizar e pagar o agricultor por ele todas as benfeitorias que ele fez. O que queremos é segurança jurídica e o marco temporal, que está na Constituição”, afirmou, dizendo que espera “serenidade” do Supremo Tribunal Federal respeitando o que é constitucional.

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