Deputado diz que impeachment de Bolsonaro não passa na Câmara: ‘Nem metade dos votos’
Membro da base aliada do presidente não vê nenhum crime de responsabilidade por parte do Chefe do Executivo e acredita que não há ambiente político para que o impedimento seja aprovado
O deputado federal, Guilherme Derrite (PP-SP), avalia que, mesmo após o discurso mais acalorado do presidente Jair Bolsonaro durante o 7 de setembro, o impeachment do chefe do Executivo não deve passar na Câmara. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o parlamentar afirmou que os atos e falas de Bolsonaro não devem aumentar a tensão, que já estava alta, entre os Poderes. “Essa temperatura vem sendo aumentada desde o início do governo do presidente Bolsonaro. Agora a gente precisa avaliar e dizer quem são os responsáveis por esse aumento da temperatura”, iniciou Derrite. “É claro que os discursos de terça-feira foram um pouco mais acalorados, mas a realidade é que nós estamos lutando pela democracia, para que não haja mais interferência entre os Poderes, para que eles de fato cumpram o que está na Constituição e para que possam trabalhar de maneira harmônica. Quando se fala de interferência, quem mais sofreu interferência desde o início foi o presidente Bolsonaro”, aponta o deputado, que acredita que o o Judiciário e Legislativo devem ouvir o povo. “Independente do poder da República, o que todos eles devem fazer é ouvir a voz do povo. O povo não aguenta mais. Se não fosse isso, milhões de brasileiros não teriam ido às ruas ontem”.
Após as declarações do presidente, alguns partidos como o PDT, PSD e PSDB começaram a ventilar a possibilidade de apoiar o impeachment de Bolsonaro. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), fez coro à abertura do processo. “Não tenho dúvidas de que qualquer ato de violência contra o Congresso ou o STF em ato que teve a participação do Presidente da República tornará inevitável a abertura do processo de impeachment”, escreveu Ramos. Derrite, por sua vez, acredita que a fala do vice-presidente da Casa não passa de “populismo” e não vê condições para a aprovação de um impedimento. “Eu vejo isso como um populismo por parte do deputado, que tenta jogar com a sua base no Amazonas, que está muito desgastada em virtude do enfrentamento dele contra o governo federal”,diz. “Quando se fala em impeachment de um presidente da República, nós precisamos ter dois fatos atrelados. O primeiro deles é crime de responsabilidade, eu não vejo nenhum por parte do presidente. O segundo é o ambiente político. Esse eu vejo menos ainda, porque são necessários 342 votos de deputados e não chega nem a metade disso”, afirma o parlamentar.
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