Deputado não descarta que reformas sejam paralisadas no Congresso com CPMI do 8 de Janeiro
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o parlamentar André Fernandes (PL) também especulou quais seriam os possíveis convocados na comissão, como Anderson Torres e Jair Bolsonaro
Após a abertura da CPMI do 8 de Janeiro, líderes partidários do Congresso Nacional estão focados em escolher os nomes dos parlamentares que irão compor o colegiado, que terá 32 integrantes, sendo 16 deputados e 16 senadores. O nome mais cotados para assumir a presidência é o do deputado Arthur Maia (União Brasil). Para falar sobre a instalação desta comissão parlamentar de inquérito, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o deputado federal André Fernandes (PL), que é um dos autores do requerimento da CPMI. O parlamentar não descarta que reformas como a tributária e o novo arcabouço fiscal fiquem em segundo plano por causa das investigações: “Não necessariamente, mas pode acontecer sim. Inclusive, essa é uma das preocupações do governo. Se temos três CPIs acontecendo na Câmara dos Deputados e uma CPMI no Congresso Nacional, que pode ter o dedo do governo nos fatos da questão de omissão, obviamente que o governo não vai ter o cenário para aprovar o arcabouço fiscal, reforma tributária e seja lá o que for”.
Sobre os convocados para serem sabatinados na CPMI, o deputado acredita que a base governista deve se articular para trazer Anderson Torres, que era secretário de Segurança do Distrito Federal na época das invasões, e também considera a possibilidade de convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro: “Tudo o que aconteceu até agora com Anderson Torres é de fato um abuso de autoridade. Alguém que foi preso por suposta omissão e que sequer estava no Brasil e passou mais de 100 dias preso, enquanto outras pessoas estavam comprovadamente lá dentro do Palácio do Planalto e nada fizeram diante dos vândalos. Esses estão soltos. Com certeza seria interessante ouvir o que Anderson Torres tem a dizer, mas dessa vez em público, não dentro da cadeia (…) É importante que ele venha a público dizer isso, mas obviamente temos que respeitar o momento que ele precisa ter com a família”.
“Jair Bolsonaro não estava no Brasil há muito tempo quando os atos do 8 de Janeiro aconteceram. Mas não tenho dúvidas de que a base governista pensa em convocar Jair Bolsonaro, na ideia de colocá-lo no banco dos réus. Agora, eu não sei se a base governista seria tão burra a ponto de convocar Jair Bolsonaro para uma comissão de inquérito dessa. Acredito que eles não teriam essa coragem. Colocariam Bolsonaro em uma total evidência, o que eles não querem que aconteça. Pelo contrário, querem apagar Jair Bolsonaro”, argumentou. Com relação ao presidente do colegiado, Fernandes defende que seja um parlamentar moderado: “O clima que se criou hoje é de que dentro da comissão tenhamos um nome neutro, imparcial, para presidir. Hoje este nome é o de Arthur Maia, deputado do União Brasil. Acredito que ele consiga agregar tanto os votos da oposição, como também os votos da base governista”.
O político cearense defende que a CPMI não pode ser desvirtuada como palanque e espera que as investigações tragam fatos novos a respeito do que houve durante as invasões e depredações dos prédios da Praça dos Três poderes: “Não queremos jamais que a CPMI do 8 de Janeiro se torne uma CPI da Covid 2.0, momento em que a oposição aproveitou simplesmente para atacar o governo. Não é esta a nossa intenção. Existem centenas de pessoas, daquelas 1,4 mil, inocentes, pessoas que foram presas sem sequer estar lá no dia na Praça dos Três Poderes. Abusos de autoridade e atos de ação e omissão. Não vamos subir para fazer palanque eleitoral. Se houve omissão, quem foi que se omitiu? Qual foi a parte que tinha acesso a informações mas não agiu? (…) Se tem alguém ali no meio que tinha ciência e nada fez, vamos chamar, vamos apurar e ter transparência. Se o alto comando das Forças Armadas facilitou e pensou, vamos chamar também o alto comando das Forças Armadas”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
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