Desenvolvimento sustentável será o foco da gestão Tarcísio, detalha secretário do governo de SP

Em entrevista ao Jornal da Manhã, Lucas Ferraz, que fez parte da comitiva do governo paulista à Europa, falou sobre como a crise econômica mundial pode trazer oportunidades para o Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 04/04/2023 10h54 - Atualizado em 04/04/2023 11h05
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Reprodução/Jovem Pan News secretario-de-negocios-internacionais-de-sao-paulo-lucas-ferraz-jornal-da-manha-reproducao-jovem-pan-news Secretário Estadual de Negócios Internacionais, Lucas Ferraz, em entrevista ao Jornal da Manhã

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez uma viagem para a Europa na semana passada, quando passou por Inglaterra, Espanha e França para participar de reuniões com investidores. O objetivo da viagem foi angariar investimentos destes países para o Estado. Para detalhar esta agenda, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o secretário Estadual de Negócios Internacionais, Lucas Ferraz, que fez parte da comitiva e inclusive substituiu o governador em alguns momentos devido ao problema renal que o mandatário teve durante a viagem. Para o secretário, o desenvolvimento sustentável é pilar principal da atual agenda de investimentos do governo: “Tivemos a oportunidade de conversar com vários investidores em Londres, com a comunidade financeira de Londres, com a comunidade operadora e construtora de infraestrutura em Madri, assim como também em Paris (…) Nossa agenda basicamente é uma agenda de desenvolvimento sustentável que busca o aumento da nossa produtividade. Esse é o grande problema de São Paulo e do Brasil, eu diria”.

“Estamos buscando investimentos na área de sustentabilidade sobretudo. Queremos atrair a produção de hidrogênio verde a partir do etanol, que é uma vocação clássica do Estado de São Paulo, que é o maior produtor de etanol do mundo. Queremos também desenhar instrumentos sofisticados de finanças verdes, estamos já em diálogo com o BID e lá em Paris também tivemos uma reunião muito produtiva e construtiva com a ADF, que é a Agência de Desenvolvimento Francesa, que tem expertise no desenvolvimento e desenho desses instrumentos de finanças verdes. O que nós queremos fazer é levantar fundos da iniciativa privada, investir em preservação ambiental e com isso atrair eventualmente a mão de obra mais vulnerável do Estado de São paulo e alocar essa mão de obra em atividades de preservação ambiental com fundos levantados por esses green bonds (…) Mas é importante que se diga que todo esse portfólio de 15 projetos que já foram qualificados pelo governo de São Paulo na área de infraestrutura, e não só infraestrutura no sentido de capital físico, estamos falando também de educação, cultura e a transferência da administração do governo paulista para o Centro de São Paulo, buscando sua revitalização”, explicou.

De acordo com Ferraz, todos os novos projetos de investimentos contém modelos de governança social e ambiental, o chamado ESG, e mecanismos de compensação da emissão de carbono. Apesar do quadro econômico difícil na Europa e outras partes do mundo, o secretário aposta que este cenário pode ser vantajoso para o Brasil: “Tivemos recentemente a questão da Covid-19, ano passado tivemos a questão da guerra entre Ucrânia e Rússia, que persiste até o momento. Para não falar também da guerra comercial, que já leva a algum tempo, entre Estados Unidos e China. Tudo isso evidentemente vem causando choques negativos de oferta, e em alguns casos de demanda, como foi a questão da Covid, que vem tornando o cenário internacional mais complicado. Ao mesmo tempo, nós acreditamos que isso pode se revestir de novas oportunidades para países como o Brasil, uma vez que nós estamos testemunhando, e temos dados que mostram, esse crescimento gradual de reconfiguração das cadeias de suprimentos internacionais”.

“A América Latina e também o Brasil não se juntaram a essas cadeias, não participaram dessas cadeias no auge de seu surgimento, que foi a década de 90. Nós acreditamos que nesse momento surge uma nova oportunidade para países como o Brasil. Somos uma democracia consolidada, somos grandes exportadores de commodities importantes para mercados de destinos relevantes, como Estados Unidos e a própria União Europeia. Portanto, entendemos que se fizermos nosso dever de casa aqui em São Paulo especificamente, como pretendemos fazer sob a orientação do governador Tarcísio de Freitas, São Paulo será uma porta de entrada relevante para investimentos internacionais, que nesse momento buscam a sua diversificação”. argumentou. Como novas possibilidades, Ferraz destacou os investimentos em energia, como por exemplo a possível exportação de hidrogênio verde para a Alemanha, que tem sofrido consequências dos cortes de gás natural feitos pela Rússia: “Nesse momento temos o contato muito próximo com vários investidores alemães interessados na produção de hidrogênio verde aqui no Estado de São Paulo para uma posterior exportação do hidrogênio verde para a Alemanha”.

Para o secretário Estadual de Negócios Internacionais o próprio “portfólio ambicioso” de investimentos seria um atrativo muito grande para a melhoria do ambiente de negócios no Estado e a atração de ainda mais investimentos: “Estamos falando da construção do trem intercidades, que ligará Campinas a São Paulo, duas das grandes cidades do Estado de São Paulo. Uma região que concentra 65% do PIB do Estado. Vamos gerar mais de 10 mil empregos e beneficiaremos cerca de 15 milhões de habitantes (…) Evidentemente isso atrai muito investimento para o Estado de São Paulo”. Lucas Ferraz também destacou a questão da reforma tributária e as medidas locais para redução de impostos: “Temos falado e conversamos bastante também nessa viagem sobre a questão da tão necessária reforma tributária aqui no Estado de São Paulo. Em nível federal isso também se discute, é sabido que São Paulo apoia a reforma tributária em nível federal. Mas é bom lembrar que a reforma tributária a nível federal é muito mais sobre simplificação tributária, que é muito importante, mas não pressupõe a redução da carga tributária”.

“Aqui em São Paulo, nós estamos falando de simplificação e redução da carga tributária. Queremos desonerar as exportações do Estado, com a suspensão da cobrança de ICMS em insumos locais produzidos no Estado e que são posteriormente processados e exportados. Queremos reduzir o ICMS na aquisição de bens de capital para a atração de investimentos para o nosso Estado. Ou seja, temos uma agenda ambiciosa, temos uma agenda ‘no estado da arte’, eu diria, em termos econômicos e entendemos que estamos no caminho certo para a atração de investimentos, aumento da produtividade e aumento do bem estar social da população paulista”, finalizou. Confira a entrevista na íntegra no vídeo abaixo.

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