Desvios de recursos na pandemia eram esperados, diz ministro da CGU
O ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Wagner Rosário, afirmou que casos de desvios de recursos públicos durante a pandemia da Covid-19 eram esperados pelo órgão. Segundo ele, a controlaria buscou identificar “pontos fora da curva” e atuar previamente.
“A gente esperava, infelizmente, porque é uma prática já seguida toda vez que você tem uma entrada grande de recursos. Se com as normas vigorando acontece, quando elas são flexibilizadas tendem a piorar. Toda vez que temos problemas com chuvas [quando há destinação de verbas públicas] a gente teve desvio de recursos, então agora não seria diferente”, disse em entrevista ao Jornal da Manhã desta sexta-feira (12).
Wagner explica que a CGU, antecipadamente, orientou as controladorias e iniciou, com os Tribunais de Contas, um levantamento buscando determinar a média de gastos dos municípios com itens para o enfrentamento do coronavírus. Com isso, a controladoria conseguiu identificar casos de “valores muito acima” e detectar os desvios.
Ele afirma, no entanto, que não é possível prever, nesse momento, quanto foi desviado. “É difícil fazer uma previsão, tem locais que realmente vão ser acima do valor, mas não pelo desvio, porque temos uma demanda mundial que faz o valor aumentar”, pondera o ministro.
Ao todo, dez operações em conjunto com a Polícia Federal e com o Ministério Público já foram deflagradas. Cerca de outros 10 a 15 casos estão em andamento, que “podem ou não caracterizar uma operação de busca e apreensão”, segundo o ministro. ” É importante que tenha essa calma e consiga fazer com que os trabalhos andem de forma correta e com transparência para o cidadão”, defendeu Wagner.
Entre as ações já realizadas por possíveis desvios de recursos na pandemia está, por exemplo, a Operação Placebo, que fez buscas e apreensões em endereços ligados ao governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel; a Operação Para Ballum, que investiga suposta fraude de R$ 50,4 milhões em compras de respiradores no Pará; e a Operação Alquimia, que apura irregularidades em compras da prefeitura de Aroeiras, no interior da Paraíba.
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