‘Direito individual sobre vacina não pode ser maior do que o coletivo’, avalia João Gabbardo
Coordenador executivo do Centro de Contingência de SP reforçou desejo da imunização já em dezembro
O coordenador executivo do Centro de Contingência de Covid-19 do Governo de São Paulo, João Gabbardo dos Reis, avaliou que o direito individual não pode ser maior do que o coletivo, ainda mais quando a escolha implica em prejudicar outras pessoas. “Uma pessoa que não tomar a vacina pode se infectar e transmitir para outras pessoas. Temos que entender que esse momento é importante, todos devem se vacinar. É a maneira que temos de cortar a taxa de transmissão da doença. É inoportuno desestimular as pessoas a se vacinarem”, disse. Ele ainda comparou o ato com dirigir e fumar que, se feitos com irresponsabilidade, podem “criar dificuldades e fazer mal” para outras pessoas.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, Gabbardo explicou que a legislação atual permite que a vacina seja obrigatória. “Se o presidente e o Ministério da Saúde pensam diferente, esse decreto tem que ser revogado”, justificou. “A posição que temos hoje é sobre a vacina. Não tem medicamento antiviral que protege, a imunização coletiva também não aconteceu. Esse é o ponto importante. Queremos evitar essas medidas de distanciamento, queremos voltar ao normal”, afirmou o coordenador-executivo. “O que é mais importante? Dar vacina pra todo mundo, interromper a transmissão e voltar ao normal ou então continuar enfrentando isso com números altos?”
João Gabbardo dos Reis reforçou o desejo da vacina disponível para imunização já em 15 de dezembro, mas disse que o avanço agora não depende mais do governo. “Estamos na fase 3, que é a que mede a eficácia da vacina em proteger as pessoas. Metade dos voluntários receberam ela e a outra placebo. Agora nós acompanhamos e, a medida que as pessoas apresentam a doença, a gente compara. Espera-se que o grupo que tomou a vacina tenha menos casos do que o que tomou placebo. Precisamos de, pelo menos, 61 pessoas com a doença confirmada nesse primeiro momento”, explicou. Só depois disso o imunizante pode receber o aval da Anvisa. De acordo com ele, como a transmissão no Brasil está abaixando, as pessoas estão demorando mais para se infectarem. Isso acontece também porque os profissionais da saúde tem um maior cuidado com as medidas de proteção e o uso de EPIs.
Para João Gabbardo, desconfiar da CoronaVac, que ficou conhecida como “vacina chinesa”, é também desacreditar do Instituto Butantan, que tem tradição de quase 100 anos e é muito respeitada. “Não tem motivo para desconfiar do trabalho desses pesquisadores, são pessoas comprometidas com a doença. Esses estudos estão sendo feitos em hospitais universitários, com voluntários da área da saúde. Desconfiar da vacina é desconfiar de todo mundo, médicos e enfermeiros. Confio plenamente nela e, se ela confirmar que um grupo está protegido, não vejo sentido nessa discussão.”
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