Educação deve apresentar defasagem importante em 2021 após avanços dos últimos anos
Média de estudo durante a pandemia foi de 2h18 por dia, muito abaixo das 4h mínimas exigidas
A desigualdade educacional, que vinha caindo há pelo menos 40 anos, voltou a subir durante a pandemia da Covid-19 por conta das dificuldades que muitos alunos tiveram, sobretudo os mais pobres, para estudar. Entre os jovens de 6 a 15 anos, a média de estudo durante a pandemia foi de 2h18, muito abaixo das 4h mínimas exigidas pela Lei de Diretrizes Básicas da Educação. O economista e diretor da FGV Social, Marcelo Neri, diz que a redução de horas de estudo foi muito maior entre os alunos de escolas públicas — de renda mais baixa e das áreas mais remotas.
“O vento soprava a favor da distribuição de renda porque a distribuição de educação estava mais igualitária. Com a pandemia, esse processo foi revertido. Então os alunos mais pobres estão tendo uma jornada bem menor.” O acesso a internet é outro problema. Estimativas de 2018 do IPEA apontam que cerca de 16% dos alunos do ensino fundamental (4,35 milhões) e 10% dos alunos do ensino médio (780 mil) não têm acesso à internet. E praticamente todos eles eram da rede pública. Marcelo Neri explica que isso gera um impacto nesses jovens para a vida toda.
“Até a pandemia tem afetado as crianças mais pobres e mais jovens, de 6 a 15 anos. Que dependem de professor tutor, tem menos intimidade com a internet. Esse grupo vinha progredindo mais anteriormente.” Outra coisa é que a expectativa de vida do brasileiro ao nascer deve cair em até dois anos por conta das 190 mil mortes pela doença. Será a primeira queda desse indicador registrada no País desde 1940, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
*Com informações do repórter Victor Moraes
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