Em delação, Marcos Valério cita suposta ligação do PT com o PCC

Reportagem publicada pela revista ‘Veja’ revela detalhes do depoimento no qual o ex-publicitário revela a suposta relação do partido com a facção

  • Por Jovem Pan
  • 02/07/2022 13h46 - Atualizado em 02/07/2022 14h50
BETO BARATA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE Gustavo Costa Machado/ Agência Estado O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza foi um dos delatores do escândalo do Mensalão

Novos detalhes da delação do pivô do escândalo do Mensalão, Marcos Valério, revelam uma possível ligação entre o Partido dos Trabalhadores e o crime organizado. Os vídeos dos depoimentos foram publicados pela revista Veja. O ex-publicitário detalhou à Polícia Federal (PF) como seria a suposta relação do PT com a facção do Primeiro Comando da Capital (PCC) e afirma que ouviu do então secretário-geral do partido, Silvio Pereira, que um empresário do ramo dos transportes, Ronan Maria Pinto, chantageava o então presidente Lula para que não revelasse como funcionava o esquema de arrecadação ilegal de recursos para financiar petistas.

“Pude conversar com o senhor Silvio Pereira um assunto de Santo André que o Ronan quer revelar que, além dos ônibus, a gente recebia dinheiro de bingos. A gente recebia dinheiro dos perueiros e que, dentro desse dinheiro de bingo… Os bingos estariam lavando dinheiro do crime organizado e financiando campanha de candidatos a vereadores do PT e de deputados do PT em dinheiro vivo. E crime organizado leia-se PCC”, declarou o delator.

Valério revelou que o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, havia produzido um dossiê detalhando quem dentro do PT estaria sendo financiado de forma ilegal. Ao ser questionado sobre a intenção do ex-prefeito em ter produzido o documento, o ex-publicitário disse que ele achava que o dinheiro seria para outras causas e que não concordava com isso. “O Celso Daniel achava que o dinheiro era só para manutenção do partido, manutenção do presidente e despesas das pessoas da cúpula do partido. Mas, o dinheiro já tinha virado uma farra. Já estava financiando vereador de ‘fulano de tal’, que o crime organizado tinha interesse. Era isso, e o Celso Daniel não concordava com isso”, explicou.

Após o assassinato do ex-prefeito, Marcos Valério alega que o PT teria afastado os políticos envolvidos com o PCC: “Tanto que depois, à posteriori, o PT fez uma limpa tirando um monte de vereador que era ligado ao crime organizado. Vocês podem olhar isso direitinho que você vão ver que o PT fez uma limpa expulsando do partido”.

*Com informações do repórter Victor Hugo Salina

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