Empresários pressionam governo pela manutenção da desoneração da folha

Custo da prorrogação do benefício não consta na proposta orçamentária encaminhada ao Congresso Nacional nesta semana; relator da proposta esteve com Paulo Guedes nesta quarta-feira para discutir o assunto

  • Por Jovem Pan
  • 02/09/2021 09h00
WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Ministro da Economia, Paulo Guedes, usa máscara branca Governo é contra a extensão do benefício; segundo deputado Jerônimo Goergen, será preciso encontrar uma alternativa para bancar o custo extra

O relator da proposta de prorrogação da desoneração da folha na Comissão de Finanças e Tributação, deputado federal Jerônimo Goergen, quer apresentar e votar o parecer no próximo dia 15. Nesta quarta-feira, 1º, o político esteve com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e se encontra nesta quinta com 50 empresários, em São Paulo, para discutir o assunto. O custo da desoneração não consta da proposta orçamentária que foi encaminhada ao Congresso Nacional nesta semana e o governo federal é contra a extensão do benefício. Por isso, segundo o deputado, será preciso encontrar uma alternativa para bancar o custo extra. Atualmente, o debate passa pela criação de um imposto digital, semelhante à antiga CPMF. Jerônimo Goergen garantiu, no entanto, que não se discute aumento da carga tributária. “Em nenhum momento se tratou de aumento de imposto. O que poderá acontecer é eventualmente uma substituição de impostos para aliviar a pressão sobre a geração de empregos”, disse depois do encontro com Paulo Guedes.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santi, afirma que é preciso avançar nas reformas estruturais. Segundo ele, o setor não quer deixar de pagar impostos, quer um pouco mais de tempo, mantendo as exportações em alta e o emprego no país. Ele lembra que o setor criou 20 mil vagas apenas durante a pandemia, que podem ser extintas com o fim da desoneração. “Claro que aqui se fala em espaço fiscal, em todos os problemas que a economia vive atualmente. Agora, estamos dizendo para o governo: ajudamos a manter empregos e a levar comida barata na mesa do brasileiro. Onerar um setor como o nosso vai fazer a comida ficar mais cara e fazer perder emprego.”

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), José Velloso, explica que apenas três dos 17 setores beneficiados pela desoneração correm o risco de ver a situação se agravar no fim do ano por causa, por exemplo, da crise elétrica. De acordo com ele, no entanto, o setor trabalha com a necessidade de um benefício mais amplo. “Existe uma possibilidade, o governo sinalizando para uma PEC, para desonerar a folha para todos os setores produtivos do Brasil. Temos que acreditar que vai dar certo e ter certeza que vai ter o apoio dos setores produtivos se o projeto for bom.”

Os empresários admitem que sem a prorrogação os setores serão novamente pressionados no país. O presidente da Abimaq esteve com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e afirmou que não acredita, por exemplo, em racionamento e apagão neste ano. A manutenção dessa previsão, no entanto, vai depender das chuvas. Segundo José Velloso, boa parte do setor que consome muita energia já se antecipou e, para evitar a possibilidade de desabastecimento, tem contratado geradores.

*Com informações da repórter Luciana Verdolin

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