Entenda como as mutações tornam o coronavírus mais transmissível

Na semana passada, uma segunda variação do vírus foi identificada na África do Sul e no Reino Unido

  • Por Jovem Pan
  • 28/12/2020 06h15 - Atualizado em 28/12/2020 06h16
REUTERS/Charles Platiau Pessoas caminhando em Paris, na França, usando máscaras de proteção contra o coronavírus Ao longo desta semana, pelo menos 50 países fecharam as fronteiras com o Reino Unido por causa da variação do coronavírus

Não há evidências de que as novas variantes do coronavírus encontradas na África do Sul e no Reino Unido sejam mais perigosas. É o que afirma o infectologista Renato Kfouri. Nesta semana, uma segunda variação do coronavírus foi identificada na África do Sul. A primeira tinha sido registrada no Reino Unido e pode ser até 60% mais transmissível, segundo o governo britânico. Kfouri explica por que a mutação faz com que ele se espalhe mais rápido. “Não é interesse do vírus, quando ele se diferencia biologicamente, se tornar mais agressivo. Ele precisa se perpetuar. Então essas mutações fazem com que eles vão tendendo a circular mais, mas o bom vírus pandêmico, ou seja, aquele que quer se disseminar muito, não pode matar muitos de seus hospedeiros.”

Ao longo desta semana, pelo menos 50 países fecharam as fronteiras com o Reino Unido por causa da variação do coronavírus. No entanto, pelo menos França e Espanha já registraram os primeiros casos dessa nova cepa. Para Kfouri, isso aconteceu porque as restrições contra pessoas vindas dos países britânicos foram anunciadas tardiamente. “Esses dados publicados no Reino Unido em dezembro da primeira quinzena de novembro, ou seja, já houve muita disseminação do vírus, é muito provável que essa variante já seja encontrada não só na Inglaterra mas em muitos outros locais”, comenta. Segundo Renato Kfouri, as milhares de mutações que o coronavírus sofreu desde que foi descoberto na China, não atrapalham o desenvolvimento de vacinas. “Quase todas as vacinas, senão todas, tem como alvo no vírus uma porção muito conservada, que é aquela da espícula, a proteína S. As vacinas induzem proteção de anticorpos contra essa região específica do vírus, que por ser muito conservada, sofre pouca alteração”, diz. De acordo com Kfouri, é importante acompanhar essas mutações do coronavírus para saber qual é o caminho que a pandemia está percorrendo. Assim como saber qual é a gravidade da doença provocada por ele.

 

*Com informações da repórter Nicole Fusco

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