Entidades médicas afirmam que abrir novos leitos de UTI não soluciona crise da Covid-19
Associações definiram critérios para triar pacientes e lembraram que leitos de UTI precisam ser fiscalizados por profissionais capacitados
Entidades médicas reforçam que a saída da crise sanitária não passa pela expansão dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo no país. A Associação Médica Brasileira lembra que o sistema está em colapso após feriados, toques de recolher e outras medidas extraordinárias que não reverteram a tendência de alta demanda de infectados pela Covid-19. Suzana Ajeje Lobo, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, lembra que é preciso frear as infecções urgentemente. “Muitas vezes atendidos por equipes que têm que ficar, não são treinadas para cuidar de um paciente intubado, mas têm que ficar cuidando de um paciente intubado por muitas horas, às vezes até por dias, antes deles chegarem às UTIS. Tudo o que está acontecendo é um reflexo do colapso da saturação do sistema de saúde. Nós não achamos que a solução é abrir leitos, muito pelo contrário. Nós imploramos que os gestores tomem as decisões fora dos hospitais”, afirmou.
Suzana destaca as recomendações para triagem de pacientes em UTIs, não somente aos acometidos pela Covid-19. “Leito de UTI não é só cama e respirador. Leito de UTI é de uma extrema complexidade e precisa de uma pessoa capacitada. Assim como nós chamamos atenção, imploramos até, para o fato de que não pode existir uma dicotomia entre saúde e economia e só abrir leitos, abrir leitos e abrir leitos”, disse a especialista. As recomendações foram elaboradas pelas associações de medicina intensiva, de geriatria, de emergência e de paliativa, e endossadas pela AMB, Associação Médica Brasileira, e por um comitê composto por 14 diferentes especialidades, entre elas a dos infectologistas, pneumologistas e médicos de família.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos
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