Especial Lava Jato: Operação fez com que percepção da impunidade mudasse no Brasil

Força tarefa teve início em 17 de março de 2014; na época, estimativa era de que os esquemas movimentaram R$ 10 bilhões

  • Por Jovem Pan
  • 05/04/2021 11h43 - Atualizado em 05/04/2021 15h52
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Valter Campanato/Agência Brasil Valter Campanato/Agência Brasil Por meio de Alberto Youssef, os investigadores chegaram a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras

O dicionário dos brasileiros ganhou novos termos nos últimos sete anos. E o combate à corrupção nunca esteve tão presente na vida das pessoas: delação premiada, condução coercitiva, força tarefa, mandados de busca, offshores, são palavras hoje conhecidas. O dia 17 de março de 2014 foi marcado pela primeira de 80 fases da Operação — e, entre os detidos, o doleiro Alberto Youseff. A Polícia Federal deu o nome de Lava Jato por causa de um posto de combustíveis de Brasília: estabelecimento era usado como fachada para movimentar valores de origem ilícita.

Os depoimentos paravam o Brasil. Por meio de Alberto Youssef, os investigadores chegaram a Paulo Roberto Costa — levado à diretoria da Petrobras pelo deputado José Janene, morto em 2010. Na época, a estimativa era de que os esquemas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas movimentaram R$ 10 bilhões. Um castelo de cartas começou a desmoronar: as prisões foram se ampliando, como a de Nestor Cerveró. As delações premiadas eram devastadoras. A Operação atingiu grandes empreiteiras brasileiras, como a Odebrecht, Andrade Gutierrez e AOS. Os presidentes das empresas foram presos.

Isso fez com que a percepção sobre a impunidade pudesse mudar no Brasil. Políticos como Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, José Dirceu, Delcídio do Amaral e Antônio Palocci eram arrastados pelo furacão. O petista André Vargas, então vice-presidente da Câmara, foi envolvido no esquema, renunciou ao cargo de comando e se desfiliou do partido. Em 2014, depois da Copa do Mundo, a crise econômica se agravou no Brasil. Mesmo assim, Dilma Rousseff conseguiu a reeleição. A presidente da República não perdia a chance de atacar os métodos de investigação da Lava Jato.

Dilma Rousseff estava irritada com Delcídio, que a acusava de interferir na Operação. Em 2016, o senador e ex-líder do governo teve o mandato cassado. Para o cientista politico Rubens Figueiredo, a Lava Jato representou uma mudança de paradigma. “Porque ela fez os brasileiros acreditarem que aqui não existia, pelo menos em termos ideais, a impunidade. E a Lava Jato escancarou para a sociedade um esquema sistêmico de corrupção.” A população brasileira começou a se familiarizar com os procuradores da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Chamado de coordenador da força tarefa da Lava Jato na capital paranaense, Deltan Dallagnol travava contra a corrupção. As operações e as prisões eram autorizadas por aquele que passou a ser considerado um paladino da moralidade: Sergio Fernando Moro. O juiz de Curitiba era um estudioso da Operação Mãos Limpas, da Itália, nos anos 90 — que também desbaratou a corrupção no país. Mas combater os poderosos não era tarefa fácil e a Operação Mãos Limpas trouxe avanços, mas acabou fracassando. E qual seria o futuro da Lava Jato?

*Com informações de Thiago Uberreich e Adriana Reid

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