Especialistas dizem que é cedo para associar ‘fungo negro’ à Covid-19 após caso no Brasil

Doença chamada de mucormicose é antiga, rara e mata cerca de 50% dos pacientes diagnosticados; no exterior, ela tem sido relacionada à Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 03/06/2021 11h40 - Atualizado em 03/06/2021 12h55
Unicamp/Divulgação Amostra de fungo em microscópio Caso foi registrado em paciente com Covid-19 no Hospital das Clínicas

A mucormicose, também conhecida como “fungo negro”, é uma doença rara, antiga e fatal. Cerca de 50% dos pacientes diagnosticados com ela não resistem e morrem. Ela necrosa os tecidos da face, atingindo nariz, olhos e podendo invadir o cérebro. O fungo se multiplica e invade os vasos sanguíneos. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP investiga um caso de mucormicose em um paciente na faixa dos 40 anos diagnosticado com Covid-19. O infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Marcello Magri, diz que a doença se manifesta geralmente em diabéticos descontrolados e afirma que é cedo para relacionar o caso com o novo coronavírus. “É um paciente da faixa etária dos 30 aos 40 anos e não tem comorbidade. Ele desenvolveu o quadro pós-covid. Nós temos, mais ou menos, pelo hospital geral que nós somos, temos em média um a três casos de mucormicose por ano. A maioria desses pacientes são diabéticos”, analisou.

Outro caso de mucormicose relacionado à Covid-19 está sendo analisado na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, em Manaus, em um paciente de 56 anos, diabético, que não resistiu. O infectologista e professor da Universidade Federal do Paraná, Flávio Telles diz que os casos no Brasil são raros e que as pessoas não precisam se desesperar. “Em relação ao Brasil, a imprensa fala que há dois casos de mucormicose, um em Manaus e outro em Joinville, que eu ainda não vi comprovação. Pode ser que tenha, mas são pacientes diabéticos, com Covid-19, e que têm o diagnóstico do que estão chamando de ‘fungo negro’. É preocupante? Não acredito. Mucormicose a gente sempre vê aqui no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná a gente vê uns três casos por ano. Com Covid, nós nunca vimos. Pode ser que venhamos a ter”, afirmou. O Ministério da Saúde informou que entre 2018 e 2020 foram apontados 61 casos da doença no Brasil. Este ano foram registrados até o momento, 29 casos.

*Com informações do repórter Victor Moraes

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