Esposa do jornalista inglês desaparecido faz apelo ao governo federal por buscas mais intensas

Família do indigenista Bruno Araújo, funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) que também está desaparecido, divulgou uma carta aberta para a imprensa mundial

  • Por Jovem Pan
  • 08/06/2022 11h09
João Laet / AFP Dom Phillips: homem branco de meia idade com caderno na mão na Amazônia Dom Phillips era um colaborador regular do jornal britânico 'The Guardian' e cobria temas relativos à Amazônia

A esposa do jornalista inglês, Dom Philips, a brasileira Alessandra Sampaio, gravou um vídeo comovente, fazendo um apelo ao governo federal por intensificação nas buscas. O repórter britânico do jornal The Guardian está desaparecido na Amazônia. “Queria fazer um apelo governo federal e para os órgãos competentes, para intensificarem as buscas, porque a gente ainda tem um pouquinho de esperança de encontrar ele. Mesmo que eu não encontre o amor da minha vida vivo, a gente tem que se encontrar, por favor, não tem como seguir nessa angústia”, disse ela. A família do indigenista Bruno Araújo, funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) que também está desaparecido, divulgou uma carta aberta para a imprensa mundial. Nela, os parentes cobram do governo federal uma ação mais efetiva nas buscas. “Pedimos às autoridades rapidez, seriedade e todos os recursos possíveis para essa busca. Cada minuto conta. Cada trecho de rio e de mata ainda não percorrido pode ser aquele em que eles aguardam por resgate”, diz o documento.

Ao contrário do que informou o Planalto de que havia uma força tarefa para encontrar Bruno Araújo e Dom Phillips, a Defensoria Pública da União e a Unijava entraram com uma ação na justiça, exigindo que o governo federal disponibilize helicópteros e homens das forças de segurança para ajudar nas buscas. Segundo a Defensoria, os pedidos de ajuda foram negados. Na ação federal, a Defensoria anexou todos os pedidos feitos à Polícia Federal, à Marinha e ao Exército brasileiro. Depois de ser desmentida pela Defensoria Pública da União, a Polícia Federal divulgou uma nota simples, dizendo que enviou mais aeronaves para as buscas, mas se limitou a isso, não deu mais detalhes. A Marinha informou que enviou um helicóptero, duas embarcações e uma moto aquática, mas não quis informar se as equipes vão participar das buscas. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas disse que enviou um avião para Tabatinga e que vai levar uma moto aquática blindada para ajudar nas buscas. Depois de muita pressão, o Exército brasileiro divulgou uma foto e um vídeos nos quais militares aparecem auxiliando nas buscas por Bruno Araújo e Dom Phillips.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar sobre o assunto dos desaparecimentos. Ele publicou uma foto ao lado de Dom Phillips e escreveu: “Em 2017, dei uma entrevista para Dom Phillips e ao jornal The Guardian em Ararapina, interior de Pernambuco, durante uma caravana no Nordeste. Ele e Bruno Pereira seguem desaparecidos na Amazônia. Espero que sejam encontrados e retornem em paz para as suas famílias e amigos”. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), depois de alguns dias em silêncio, falou sobre o assunto: “Realmente, duas pessoas apenas em um barco, numa região daquelas, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que eles tenham sido executados. Tudo pode acontecer. A gente espera e pede a Deus que sejam encontrados brevemente. As Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco na região”.

O ex-secretário de estado norte-americano John Kerry fez duras críticas ao governo brasileiro na forma de conduzir as buscas por Bruno Araújo, funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), e Dom Phillips, repórter britânico do jornal The Guardian. Kerry disse que vai pedir ao governo dos Estados Unidos uma investigação séria e segura e que os culpados serão responsabilizados. O ex-secretário escreveu: “O desaparecimento do ativista indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips que desapareceram, simplesmente desapareceram, e ninguém sabe onde eles estão. A busca é tão lenta e é lamentável que continuemos a viver em uma situação que não há segurança. Precisamos que as autoridades se posicionem e comecem a procurá-los ativamente de forma responsável. Eu queria estar em Nova Iorque para denunciar essa situação ao mundo, para que a atenção de todos esteja nesta situação e na violência permanente que os povos indígenas e nossos apoiadores enfrentam constantemente. Isso é tudo. Vamos continuar lutando”.

A imprensa internacional continua cobrando uma posição mais firme do governo brasileiro para encontrar Bruno Araújo e Dom Phillips. Nos próximos dias, o premier inglês, Boris Johnson, deve cobrar uma postura mais firme por parte do governo federal. A Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) prendeu um suspeito conhecido na região como “Pelado”. Outros dois homens que haviam sido presos prestaram depoimento e foram liberados, segundo a Polícia Federal.

*Com informações do repórter Maicon Mendes

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