Espírito Santo impõe quarentena preventiva para frear Covid-19: ‘Vivemos Terceira Guerra Mundial’

Governador afirmou que Estado tinha 650 leitos antes da pandemia; hoje, esse número é de 1,3 mil

  • Por Jovem Pan
  • 18/03/2021 09h10 - Atualizado em 18/03/2021 16h12
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Entidades alertam para risco de repetição das cenas vistas em Manaus no início do ano após esgotamento de insumos Falta de profissionais intensivistas na área da saúde é dificuldade na habilitação de novos leitos de UTI

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, classificou o momento da pandemia como uma Terceira Guerra Mundial. Para ele, a situação no Brasil ainda tem um agravante. “Estamos vivendo uma terceira guerra mundial e, no Brasil, além dessa guerra mundial, temos um conflito ideológico interno que dificulta todo esse trabalho.” De acordo com Casagrande, apenas medidas de quarentena e o avanço da vacinação são capazes de conter o ambiente.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, Renato Casagrande disse que, inicialmente, as medidas mais restritivas no Estado valem de hoje até o dia 31 de março. Segundo ele, essa quarentena é preventiva e vai ajudar a organizar o sistema de saúde para que não faltem leitos para os pacientes. O Espírito Santo tinha 650 leitos gerais antes da pandemia. Hoje, esse número é de 1.300 — sendo que 900 são exclusivos para a Covid-19. O Estado foi o que mais abriu leitos per capta do Brasil.

“Essa é a pior fase da doença. Estamos vivendo uma transmissão muito intensa, o número de pessoas que demandam leitos é o mais alto. Esperamos resolver isso em 14 dias”, disse. O governador do Espírito Santo, porém, destacou um problema na habilitação de novos leitos: a falta de profissionais intensivistas na área da saúde. “Temos cama, área física, respiradores. Mas não temos profissionais de saúde. Há um limite na abertura de leitos porque os intensivistas estão trabalhando em exaustão.”

O Estado quer vacinar todos os idosos acima de 60 anos até meados de abril. Casagrande afirmou que isso será possível se o Instituto Butantan e a Fiocruz estabilizarem a produção das vacinas permitidas no Brasil e estabelecer lotes semanais em quantidade adequada. Para ele, a mudança na gestão do Ministério da Saúde é vista com esperança. “Pazuello sempre atendeu muito bem, era leve no trato. Mas a forma que ele se relacionou com o presidente tirou autoridade e legitimidade”, disse o governador. “Que o Queiroga consiga conviver com o presidente e convencê-lo que a ciência é o caminho. Tenho visto governadores muito angustiados porque falta o básico. Essa coordenação nacional é importante.”

Casagrande afirmou que não é fácil conseguir um meio termo e agradar todos os setores após um ano e alguns meses depois de iniciada a pandemia. “Mas um gestor não pode deixar de ter atitude para salvar vidas. E é o que estamos fazendo aqui: uma quarentena preventiva para não deixar o sistema de saúde entrar em colapso. Anteontem ultrapassamos a ocupação de 90% dos leitos de UTI e, por isso, disparamos o gatilho de medidas transversais para tentar reduzir esses números.” Ele ressaltou, no entanto, que é preciso conviver com os que negam a gravidade da doença, tentar dialogar com eles e tomar decisões.

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