Estudo aponta que 1 em cada 3 alunos de São Paulo tem dificuldade para se concentrar

Especialistas falam sobre a necessidade de as escolas ensinarem novas habilidades, além das matérias curriculares, elevando a capacidade socioemocional dos estudantes

  • Por Jovem Pan
  • 20/03/2023 09h06 - Atualizado em 20/03/2023 14h25
Banco de imagens/Pexels escola Especialistas defendem que escolas ensinem mais sobre habilidades socioemocionais

Um estudo realizado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e pelo Instituto Ayrton Senna mostrou que 1 em cada 3 estudantes tem dificuldades para conseguir se concentrar no que é proposto pelos professores em sala de aula. Ainda segundo a pesquisa, 18,8% dos alunos relataram se sentirem totalmente esgotados e sob pressão; 18,1% disseram perder totalmente o sono por conta das preocupações; enquanto 13,6% afirmaram terem perdido a confiança em si mesmos após a pandemia da Covid-19. Segundo dados da Secretaria de Educação de São Paulo, 3 em cada 4 alunos do 5º ao 9º ano do ensino fundamental ou do 3º ano do ensino médio já relataram sofrer com sintomas de depressão ou ansiedade.

O colégio Jardim São Paulo, na capital paulista, trabalha há mais de cinco anos com o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos. A coordenadora-geral do colégio, Patrícia Moretti, explica que antes o assunto era tratado de maneira transversal, com adoção de livros didáticos, por exemplo, e que, agora, temas como uso da internet, cidadania digital e a relação da escola com as famílias tornaram-se um padrão em discussões no dia a dia da escola. “Nós temos aulas semanais com projetos que desenvolvem a saúde mental e a promoção da saúde mental por meio das habilidades socioemocionais. Então, desde pequenos, eles começam a identificar quais são as suas emoções, o que fariam em uma situação determinada. E podem compartilhar essas experiências em sala de aula. Essas aulas, dadas do 1º ao 9º ano, são ministradas por professores capacitados dentro do programa”, explica.

A coordenadora diz ainda observar avanços na relação dos alunos. “Acho que os alunos entram em contato com o autoconhecimento, com momentos de reflexão. Do que gosta, quais são seus pontos fortes, e isso vai trazendo uma força ao longo de todo esse caminhar do aluno, até para escolhas mais assertivas do projeto de vida dele. Quando eu identifico no que eu sou forte, o que me faz bem, e também quando eu estou triste, entrar em contato com todos esses sentimentos… Porque parece que a gente só pode viver em um estado de felicidade. Não. Nós temos momentos de luto, nós temos momentos de tristezas. E isso vai passar. E quando a gente compartilha, isso traz uma suavidade muito maior para os nossos alunos”, diz.

O especialista em educação socioemocional Rossandro Klinjey afirma que é fundamental os jovens terem espaços seguros para expressar seus sentimentos e buscar ajuda, seja em casa ou na escola. “O que a gente não pode é continuar ignorando, fazendo de conta que não existe ou que é fraqueza emocional, quando, na verdade, ansiedade, tristeza, angústia, os sentimentos humanos, todos nós enfrentamos cotidianamente. Quanto mais consciência nós temos, mais capacidade a gente tem de trabalhar, quanto mais apoio a gente tem, mais rápido a gente sai do padrão de sintoma e quanto mais a gente nega e esconde, mais vulnerável a gente fica”, diz. O especialista ainda critica quem coloca pessoas que sofrem de depressão e ansiedade como incapazes.

*Com informações do repórter João Victor Rocha

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