Exclusivo: Sergio e Rosangela Moro falam de plano de facção e pedem mais proteção a autoridades
Senador e ex-juiz chamou declarações do presidente Lula sobre o caso de ‘desastrosas’ e disse que se sentiu incomodado
O senador Sergio Moro (União-PR) e a deputada federal Rosangela Moro (União-SP) falaram à Jovem Pan News sobre o plano da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) de assassiná-los e afirmaram que é obrigação dos parlamentares aprovar medidas e leis que deem mais proteção às autoridades, principalmente àquelas que combatam o crime organizado e a corrupção no Brasil. “A grande questão que temos que ter em mente, é, em português muito claro, quem coloca o seu na reta pode estar, no futuro, sujeito a uma retaliação. Hoje é o ex-ministro. Amanhã, o ex-ministro vai ser outra pessoa. Que tipo de país a gente vai ter onde o sistema e o crime organizado amedrontam juiz? Veja lá o Bretas, com retaliação do sistema. Deltan e Sergio que sofrem um monte de retaliações, até da iniciativa privada. A pergunta é: vai haver juiz e promotor que enfrentem a corrupção ou o crime organizado? Vamos deixar o crime dominar? A gente tem obrigação de aprovar medidas que protejam as autoridades e todos que se envolvem, porque senão ninguém vai ter coragem de sair da sua zona de conforto para enfrentar o que tem que ser enfrentado. E como bandido a gente não negocia”, declarou Rosangela. O casal concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Claudio Dantas, diretor de redação da Jovem Pan em Brasília e comentarista de Os Pingos nos Is. Essa é a primeira entrevista conjunta deles desde que ambos foram eleitos para o Congresso Nacional. A íntegra está disponível com exclusividade no Panflix.
“Como mãe, esposa e líder do núcleo familiar, ouvindo tudo aquilo, é assustador. Por causa do trabalho dele [Sergio Moro], nós já passamos por situações em que precisávamos ficar mais alerta, uma ameaça aqui, outra ali. Mas dessa envergadura, ver nas reportagens a casa alugada próxima à nossa, o clube que a gente frequenta, um esconderijo para, de repente, nos manter em cativeiro… É assustador, é perturbador. É uma coisa que eu não desejo para ninguém. Mas medo é uma palavra que, na minha vida pública, eu não lido com ela. Me mantenho, mais que sempre, agora, em extremo sinal de alerta. E serve de válvula motivadora para que a gente consiga melhorar a legislação”, completou a deputada.
Já o senador e ex-juiz criticou a postura do governo Lula diante da operação: “O que me perturbou bastante foi a reação que a gente viu do governo. As declarações desastrosas do Lula e o pessoal no entorno, que atacou a operação. Houve um ataque do secretário de Comunicação à juíza do caso, que decretou as prisões de membros do crime organizado, sugerindo que haveria uma armação. O pessoal em volta questionando o meu papel no combate ao crime organizado. Digo e repito: não teve ministério da Justiça mais rigoroso contra o crime organizado do que o da minha gestão, não só de dar condições necessárias para fazer transferências das lideranças [de presídios estaduais para federais], porque a decisão é do Ministério Público, mas nós demos as condições para fazer as transferências. No dia que o Lula falou em “f****”, fiquei bravo. Mas quando ele falou da armação, eu fiquei realmente furioso”.
Questionado sobre a iniciativa do juiz Eduardo Appio, que resolveu colher depoimento do doleiro Tacla Duran, que, por sua vez, acusa Sergio Moro de corrupção e venda de delação premiada, o senador classificou a situação como “patifaria”. “Essa história do Tacla Duran é patifaria. Desde 2016, 2017, ele tem essa história, mas não tem prova nenhuma do que ele fala. Eu decretei a prisão preventiva dele. Ele fugiu, foragiu, responde por lavagem de dinheiro, foi acusado de lavagem de dinheiro de milhões de reais na Odebrecht. Primeiro ele mentiu, disse que não fazia isso, depois foi desmentido. A história toda não fecha. O que a gente vê é a tentativa de calar a oposição. Como a gente começa a incomodar e a criticar o governo, ficam criando esses factoides, como foi na época em que eu trabalhei no exterior e inventaram que eu trabalhava na Odebrecht. Nunca prestei serviço para a Odebrecht. Agora, as pessoas já têm muito bem sedimentado quem é honesto e quem não é, quem combate e quem favorece o crime. É só a gente ver o que o governo do PT está fazendo. Isso, para mim, é só uma patifaria enorme. Lamento que deem ouvidos a esse indivíduo, mas estamos tranquilos em relação ao que fizemos no passado. Sempre agimos com correção e verdade”, afirmou Sergio Moro.
Sobre o mesmo assunto, Rosangela disse não conhecer Tacla Duran e nunca ter tido nenhum tipo de relação financeira ou profissional com ele, nem mesmo por meio de seu escritório de advocacia. “Eu tenho plena ciência, 100% de certeza, dos clientes que eu divulguei, dos honorários que eu recebi, dos trabalhos que eu prestei, e não tem nada desse cidadão que eu só vejo pela imprensa”, disse. Sergio Moro também comentou sobre a possível indicação de Lula de seu advogado particular, Cristiano Zanin, para ocupar uma cadeira do Supremo Tribunal Federal, afirmando que vai aguardar a indicação realmente ser feita, ou não, para ele se posicionar com mais firmeza diante da escolha e para a sabatina no Senado Federal.
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