Fim da emergência sanitária pode prejudicar metas de vacinação, afirma Jean Gorinchteyn

Secretário de Saúde de São Paulo admite melhora epidemiológica no país, mas afirma que desigualdade na cobertura imunológica entre os Estados deve manter índices de internações e mortes

  • Por Jovem Pan
  • 20/04/2022 08h39 - Atualizado em 20/04/2022 08h41
MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO O secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, falando ao microfone durante coletiva de imprensa Jean Gorinchteyn reconhece que a população terá que conviver com o coronavírus nos próximos meses

O secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, considera que o fim do estado de  emergência sanitária pela Covid-19 no Brasil deve respeitar um período de transição, de 90 a 120 dias. Na visão do epidemiologista, que vai ao encontro com a posição defendida também pelo Conass, o prazo é necessário para incrementar a vacinação e desmobilizar as estruturas de saúde. “Temos uma melhora nos índices epidemiológicos na maior parte do país, decorrente da vacinação. Mas ainda temos um país desigual no que tange estratégias vacinais. São Paulo está com 93% da população acima de 5 anos vacinada e tem Estado até com menos de 50% de imunização, mostrando que a conjunção entre a circulação de vírus e uma população ainda não protegida pode manter os índices de internações e mortes”, menciona o secretário, que concedeu entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, sobre o tema. “Hoje, ainda temos a Covid-19 primeira e maior caso de mortalidade no nosso país”, completou.

A discussão sobre o fim de emergência sanitária e o posicionamento do Conass sobre o tema acontece após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciar que a pasta vai revogar a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), garantindo que “nenhuma política de saúde será interrompida”. “A covid não acabou e não vai acabar, e nós precisamos conviver com essa doença e com esse vírus. Felizmente, parece que o vírus tem perdido a força, tem perdido a letalidade, e a cada dia nós vislumbramos um período pós-pandêmico mais próximo de todo mundo”, disse o ministro na segunda-feira, 18.  Entre os motivos listados para a decisão está a queda expressiva dos casos e óbitos pela Covid-19, as taxas de cobertura vacinal e de reforço imunológico e também a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e da vigilância epidemiológica e genômica brasileira.

Assim como defendido pelo ministro da Saúde, Jean Gorinchteyn reconhece que a população terá que conviver com o coronavírus nos próximos meses. No entanto, ele pontua que a revogação do estado de emergência sanitária pode passar uma informação distorcida e prejudicar a vacinação. “É natural as pessoas entenderem que acabou, que está tudo ótimo, o próprio governo federal tirou a emergência sanitária e isso passa a informação distorcida de que a pandemia acabou e aquelas metas que deveriam ser atendidas de vacinação, programadas pelas OMS e pelo Ministério da Saúde, pode não ser acolhida por muitos Estados, que ainda têm níveis não significativos de proteção para Covid-19”, pontua, defendendo o período de transição como alternativa para minimizar esses efeitos. “Precisamos de um prazo, esse prazo pode ser de 90 dias ou 120 dias para que a gente possa ter um incremento vacinal e poder desmobilizar todas as estruturas de forma muito organizada, competente, e em paralelo analisando os índices da saúde”, completou.

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