Gerente da Anvisa descarta pressão política para aprovação de vacinas contra Covid-19
Gustavo Mendes garantiu alinhamento da agência reguladora com órgão internacionais neste processo
O gerente-geral de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, descartou pressão política para aprovação ou não de uma vacina contra a Covid-19. “Os procedimentos que estamos adotando para esse caso foram alinhados internacionalmente com outras agências, nos reunimos quinzenalmente com elas. Já sabíamos que haveria essa comoção, uma necessidade de respostas rápidas tanto para o governo quanto para a sociedade. Há essa necessidade da agência de ser clara, transparente e mostrar o que está fazendo. Até o momento esses procedimentos estão alinhados e estamos conseguindo manter a agilidade e isenção necessárias que são fundamentais neste caso.”
De acordo com ele, ainda não há nenhuma vacina submetida para análise da Anvisa — então é impossível prever um prazo ou perspectiva para alguma chancela. “Temos interface com outras agências, então vamos aproveitar as informações para que não seja preciso refazer um trabalho que já foi feito”, disse. Gustavo Mendes garantiu que, no que depender da Anvisa, existe preparo e organização para respostas rápidas. “A parte da negociação do número de doses não é nossa responsabilidade. Mas, assim que tiver um pedido para aprovação, seremos transparentes sobre riscos e benefícios.”
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, Mendes ressaltou a diferença entre a autorização para uso emergencial e para ações em massa. “Uma vacina aprovada para uso emergencial está em situação experimental e precisa de um acompanhamento próximo. Ela é liberada para uma população específica. O prazo de 60 dias é para o registro completo, quando os estudos já foram concluídos e encaminhados com todas as informações.” Ele destacou que apenas as empresas podem pedir a aprovação de uma vacina porque ela precisa verificar se cumpre os requisitos, como estratégias de monitoramento e desempenho — e isso não é papel de nenhum Estado. Segundo ele, a Anvisa vai conceder a autorização se baseando em risco-benefício. O uso emergencial é restrito para campanhas do governo e não considera clínicas particulares. “Quando tivermos o registro, com todos os dados, ela pode ser comercializada”, explicou.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.