Inflação alta justifica manutenção de juros, defendem economistas sobre postura do BC

Em entrevista à Jovem Pan News, economistas apoiaram a atual política do Banco Central com relação à manutenção da taxa Selic em 13,75%

  • Por Jovem Pan
  • 13/02/2023 10h34
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Sede do Banco Central, em Brasília. 15/01/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino REUTERS/Ueslei Marcelino - 15/01/2015 Sede do Banco Central

Toda vez que há um cenário de incertezas e instabilidade na economia isso tem reflexos no mercado financeiro e no câmbio. Como o Brasil não produz tudo o que consome, o valor dos alimentos é pressionado. Nos últimos três anos, no período da pandemia, os preços dispararam e subiram mais de 40%. Em entrevista à Jovem Pan News, o economista do Ibmec, Gilberto Braga, defendeu que existem motivos e razões de origem fiscal para a taxa Selic estar em um patamar tão elevado, em 13,75%: “Com uma inflação ainda resistente e em patamares elevados, isso tudo para a economia mostra que nós temos um jogo político de fundo, do presidente da República tentando de alguma maneira dentro da sua visão fazer com que os juros caiam. Acho que ninguém Brasil, nenhum economista e nenhum especialista, quer que os juros permaneçam altos. Mas enquanto o governo não definir qual vai ser a regra fiscal, qual a nova âncora, qual é a proposta para o endividamento público e de que maneira as políticas públicas serão financiadas daqui pra frente, não existe espaço para uma queda repentina da inflação, o que faz com que os juros devam ser mantidos ainda em patamares elevados”.

Desde a pandemia da Covid-19, o que se viu no cenário internacional foi uma espécie de desarranjo nas cadeias produtivas. Isso fez com que alguns produtos subissem de preço, ou ficassem até escassos no cenário internacional. Quem vai ao mercado percebe que o preço de produtos básicos estão mais elevados, aí é necessária fazer uma escolha entre diferentes opções, o chamado consumo alternativo de produtos. Em entrevista à Jovem Pan News, o economista da Fundação Getúlio Vargas, André Braz, destacou que o aumento da taxa básica de juros é um fenômeno global que tem sido visto na esteira da pandemia e que o Banco Central não tem feito nada de diferente, mas pondera que problemas influenciam para que a taxa Selic seja uma das maiores do planeta.

“O Brasil tem vários problemas, alguns de ordem estrutural ou conjuntural. Mas a taxa de juros aqui também funciona como um potente instrumento para conter o avanço da inflação. É claro que, como todo remédio, a taxa básica de juros também tem seus efeitos colaterais. Ela impede o crescimento e a geração de emprego e renda, principalmente para o brasileiros menos favorecidos. Isso é algo transitório, não é duradouro. Manter uma inflação mais alta também acaba penalizando os mais pobres. Então, todos os benefícios sociais concedidos às famílias menos favorecidas acabam parcialmente sendo corroídos pela inflação se ele continua nesse patamar que se encontra, muito distante da meta de inflação”, declarou Braz. Em Brasília, o que estaria em discussão nos bastidores seria um aperfeiçoamento nos critérios para indicações de futuros dirigentes do Banco Central.

*Com informações do repórter Rodrigo Viga

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