Iniciativa inclusiva ajuda surdos e deficientes auditivos a curtir o Carnaval em SP

Projeto ‘Samba com as mãos’, da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência da Prefeitura da Cidade de São Paulo, traduziu os sambas-enredo das 22 escolas do Grupo Especial do Carnaval paulista para a Língua Brasileira de Sinais (Libras)

  • Por Jovem Pan
  • 15/02/2023 07h43 - Atualizado em 15/02/2023 11h55
Reprodução/YouTube/Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência -libras-secretaria-pessoa-com-deficiencia-youtube-carnaval Projeto 'Samba com as mãos' leva inclusão para pessoas surdas e com deficiência auditiva que querem curtir o Carnaval

No projeto “Samba com as mãos” da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência da Prefeitura da Cidade de São Paulo, os sambas-enredo das 22 escolas do Grupo Especial do Carnaval paulista foram traduzidos para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). A primeira tradução divulgada foi da atual campeã, a Mancha Verde. Ao assistir, pessoas com deficiência auditiva conseguem participar da folia. Toda a playlist dos vídeos com as traduções está disponível na página oficial da secretaria no YouTube. Em entrevista à Jovem Pan News, a responsável pela pasta, Silvia Grecco, destacou que o  projeto começou tímido, em 2016, para atender essa demanda da comunidade surda da cidade. De acordo com o último levantamento da secretaria, mais de 100 mil pessoas surdas ou com deficiência auditiva vivem na capital paulista. A intenção é que esse público não só conheça as letras dos sambas-enredo, mas também se sintam pertencentes aos grandes eventos da cidade.

“É a nossa maior festa popular do Brasil. E agora São Paulo cada vez mais também trazendo o Carnaval para a cidade. Hoje ele é referência. Quisemos ampliar, e hoje a gente faz a tradução de todos os sambas-enredo do Grupo Especial, bem como do Acesso, ali no Sambódromo também. Todos os sambas para todas as pessoas. Pessoas com deficiência no palco, ou na plateia, na arquibancada, ou no Sambódromo também, sambando no Carnaval e participando efetivamente. Isso é inclusão”, afirmou a secretária. Silvia contou que a produção do material é um processo rebuscado, que exige dedicação dos intérpretes e estudo dos enredos.

O maior desafio é conseguir traduzir as composições, que na sua grande maioria são compostas por metáforas, palavras estrangeiras e regionalismos: “Não basta só pegar a letra e traduzir. Os nossos intérpretes ficam mais de um mês trabalhando com cada escola e com as pessoas que fizeram o samba dentro da escola para tentar entender o enredo e a história daquele enredo para poder saber a tradução de algumas palavras que eles não conhecem. É um trabalho muito bem elaborado, com uma equipe de mais de 30 pessoas, mais de um mês de elaboração, para depois chegar aqui e começar a gravação individual de cada samba”.

Adriano Paiva, intérprete de Libras e tradutor que ficou responsável neste ano por traduzir o samba-enredo da escola Rosas de Ouro, também falou sobre a experiência: “Fico ansioso o ano todo esperando chegar essa data especial para mim, que é o Carnaval, que mostra o amor do povo brasileiro. É a nossa cultura. Para a comunidade surda isso também é muito importante. Tantas informações são tão importantes e não chegam à comunidade surda. Quando tem um samba-enredo, que às vezes conta a história do povo dela, do povo brasileiro, em língua de sinais, é muito mágico porque leva para ela um conhecimento, um conteúdo, que até então ela não sabia”. O intérprete disse que contou com a ajuda de integrantes das agremiações nas etapas de pesquisa e interpretação, além de voluntários surdos.

A servidora pública Layla, que é surda e consultora do projeto desde 2016, declarou que nunca foi tão fã do Carnaval, mas desde a criação do projeto faz contagem regressiva para ir ao Sambódromo: “Toda a comunidade surda sente vontade de ir para o Anhembi, para o Sambódromo, para assistir de perto. Porque agora temos acessibilidade em língua de sinais, a Secretaria da Pessoa com Deficiência da cidade de São Paulo está nos proporcionando isso. Vamos cair no Carnaval”.

*Com informações da repórter Soraya Lauand

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