‘Intenção da CPI não é acabar com os institutos de pesquisas’, declara senador Marcos do Val

Parlamentar alertou para o perigo de levantamentos comprados e deu detalhes sobre as intenções da comissão

  • Por Jovem Pan
  • 04/10/2022 09h02
Reprodução/Pânico Marcos do Val usa terno e fala ao microfone no estúdio do programa Pânico Marcos do Val, senador do Espírito Santo pelo Podemos

Após os resultados do primeiro turno das eleições de 2022, deputados e senadores preparam uma reação ao desempenho dos institutos de pesquisas durante o período de campanha eleitoral. Muitos resultados contrariaram as previsões dos levantamentos feitos regionalmente e nacionalmente. No Senado Federal, o senador Marcos do Val (Podemos) protocolou um requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar, mediante exame técnico, os sistemas de realização de pesquisas eleitorais pelas principais empresas e institutos de pesquisas do país. Nesta terça-feira, 4, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o parlamentar esclareceu os objetivos da comissão: “A intenção da CPI não é acabar com os institutos de pesquisas, não seria essa a intenção. É criminalizar aqueles que estão fazendo mal uso desse trabalho. A gente não pode generalizar e achar que todos fazem um mal uso disso. A gente não pode ir nesse viés de que a CPI é para punir todos e acabar com os institutos de pesquisa no Brasil. Nós vamos penalizar, achar os culpados que usam essa ferramenta de forma imoral e ilícita. E depois, na discussão durante a CPI, a gente conseguir, junto com todos os senadores participantes, desenvolver e criar um projeto de lei para regulamentar”.

“Há 4 anos atrás, eu tinha 5,5% de intenção de voto enquanto o opositor tinha 44% de intenção. Ele não foi eleito e eu fui eleito. Isso estava influenciando bastante, mas na rua nós sentíamos que era diferente do que saía nas pesquisas. E as pesquisas insistindo que o outro candidato que pleiteava a eleição estava com um número muito maior. Sempre me colocando com uma porcentagem menor. A pesquisa é uma ferramenta poderosa de mudança de posição de eleição. Ela é mais preocupante do que a questão das urnas, se são seguras ou não. Porque a decisão de votar em alguém que está em primeiro para achar que o voto valeu é muito grande”, defendeu o senador. Para o parlamentar, a CPI servirá para combater pesquisas feitas “ao gosto do cliente”: “Precisamos intimar esses proprietários, sabatinar os técnicos e investigar a fundo. É uma ferramenta poderosa e a gente precisa, depois da CPI, criar algum projeto que nos dê mais condições de controle”.

Marcos do Val não descartou a possibilidade da CPI, caso seja aberta, quebrar sigilos telefônicos e bancários para apurar possíveis fraudes e irregularidades: “Nós vamos pedir para que toda a estrutura da Polícia Federal nos acompanhe nesse processo. Precisamos dar uma resposta para a sociedade. Eu sofri disso. Quase perdi a eleição por conta disso. A gente precisa fazer essas investigações de quem patrocina, quem banca, da onde está vindo recurso e se realmente a pesquisa apresentada foi colhida nas ruas”. O parlamentar também fez um alerta sobre os perigos de pesquisas eleitorais manipuladas: “Atinge ainda mais os jovens. Até o dia que eu fui eleito, eu sempre votei de acordo com o que as pesquisas estavam dizendo sobre quem estava à frente. Para a gente que está votando, votar em alguém que não é eleito dá uma sensação de perda, de que você não acertou como deveria, de que não tem um conhecimento geral da política.

“Para não errar, você vai na tendência das pesquisas. Aí pronto, é aquela arapuca, você acaba sendo conduzido e seduzido para votar em um candidato que as pesquisas estão dando como maioria. As fontes de pesquisa podem ser usados pelos próprios partidos, para eles terem ideia de onde estão fortes e onde estão fracos. Continuar com as empresas, que contratam para ver se há mercado naquela região, ou não. Não é acabar com as empresas de pesquisas, mas para as eleições nós precisamos criar regras e verificar, de forma investigativa, para ver se houve alguma intenção ilícita, ou até imoral, e penalizar os que seguiram nesse sentido”, esclareceu o senador.

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