Jogadores de futebol têm cinco vezes mais riscos de ter Alzheimer, diz pesquisador

William Sstewart, da Universidade de Glasgow, aponta que casos de demência são 3,5 vezes mais prováveis entre atletas do esporte

  • Por Jovem Pan
  • 23/11/2020 07h47 - Atualizado em 23/11/2020 07h54
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MARCO GALVÃO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Além dos acidentes entre os jogadores, o pesquisador escocês aponta os riscos nos cabeceios que os atletas fazem na bola

Notícias recentes envolvendo grandes nomes do futebol mundial e casos de doenças como Alzheimer ou demência fizeram levantar o assunto dos riscos do esporte associados a incidentes de cabeçadas na bola. Em 30 de outubro, Nobby Stiles, campeão do mundo em 1966 com a Inglaterra, morreu de complicações decorrentes de demência. No dia 1º de novembro, Bobby Charlton, maior jogador inglês da história e seu colega na copa de 66, anunciou aos 83 anos que está com a mesma doença. No dia seguinte, a esposa do alemão Gerd Muller, campeão mundial em 1974, anunciou que, aos 75 anos, ele sofre de demência senil e passa a maior parte do dia na cama. O pesquisador da Universidade de Glasgow, na Escócia, William Sstewart, tem dedicado quase 20 anos de seu trabalho a essa situação. À Folha de São Paulo, ele disse que é comprovado que jogadores de futebol são 3,5 vezes mais propensos a ter demência do que a população em geral. Já a probabilidade de Alzheimer é cinco vezes mais alta e doenças motoras são quatro vezes mais prováveis.

O neurocirurgião do Hospital Albert Einstein e da Rede D’Or, Wanderley Cerqueira de Lima, aponta, no entanto, que a preocupação sobre danos cerebrais em atletas deve vir desde cedo. “Você tem que conscientizar hoje, u nos times de futebol, ou nas escolas de futebol e até mesmo em alguma comunidade onde ele pode se destacar. Falar sobre a concussão, explicar para o jovem ou adolescente o que é uma concussão”, explica. Segundo o neurocirurgião, o envelhecimento e as doenças associadas, pioram o quadro no futuro. “Sete entre dez atletas, alguma vai ter concussão. Quatro entre cada 10 treinadores não tem informação do que vem a ser uma concussão cerebral e quais as consequências. Cerca de 25% tem concussão e não são relatados”. Além dos acidentes entre os jogadores, o pesquisador escocês aponta os riscos nos cabeceios que os atletas fazem na bola. Já entre as crianças, a pesquisa de Glasgow deixa claro que crianças com 10 anos ou menos que jogam futebol não deveriam nunca cabecear uma bola. O organismo, até essa idade, ainda está em formação e as pancadas podem trazer prejuízos. Mudar as regras do futebol sem mais pesquisas, segundo Willian Stewart é impossível, mas o ideal seria reduzir esse impacto, ao menos nos dias de treinamentos.

*Com informações do repórter Fernando Martins

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