Levantamento aponta que 3,4 milhões de brasileiros que moram em regiões metropolitanas saíram da pobreza em 2022

Rendimento médio nas metrópoles, que havia sofrido forte queda entre 2020 e 2021, cresceu 6,5% no ano passado e atingiu o valor de R$ 1.984, mas não voltou ao patamar anterior à pandemia

  • Por Jovem Pan
  • 22/06/2023 08h20 - Atualizado em 22/06/2023 08h31
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Marcello Casal Jr./Agência Brasil Cédulas de real desfocadas Gastos dos Estados com o funcionalismo público aumentaram após descongelamento de salários

Em 2022, 3,4 milhões de brasileiros residentes nas metrópoles do país saíram da situação de pobreza. A taxa foi de 31,3%, em 2021, para 27% no ano passado. Ao mesmo tempo, quase 2 milhões de pessoas deixaram a extrema pobreza, que corresponde a uma renda per capita menor que R$ 199, no mesmo período, o que corresponde a uma queda de 32%. Os dados foram divulgados no boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido em parceria pela PUC Rio Grande do Sul, Data Social, Rede de Observatórios da Divisa Social na América Latina e o Observatório das Metrópoles. Em entrevista à Jovem Pan News, o pesquisador André Salata destacou o crescimento da renda do trabalho como o principal fator para a melhora do cenário: “Entre 2021 e 2022, você teve uma recuperação da atividade econômica, como consequência de uma redução da taxa de desocupação. Em 2021 ela estava na casa de 11%, em 2022 ela vai para a casa de 8% (…) Entre outros motivos, porque em 2021 a gente teve a vacinação. Com a vacinação em massa, isso permitiu uma retomada das atividades econômicas e esse resultado no mercado de trabalho vai ser visto e percebido em 2022”.

De acordo com a pesquisa, a parcela que mais se beneficiou da melhora no cenário econômico foram os 40% mais pobres. Dentro deste segmento, a renda subiu 17,5% e chegou a R$ 510. O número é superior ao valor de 2020, de R$ 504, e se aproxima do registrado em 2019, de R$ 515. “A gente voltou em um patamar do início da pandemia em algum desses indicadores. A gente recuperou, em relação ao que estava no início da pandemia, mas eu não vejo um cenário que vai nos permitir, em um futuro próximo, no próximo ano, a gente dar mais um salto. Eu acho que a gente vai continuar melhorando nesse próximo ano, mas em um ritmo um pouquinho mais lento do que aconteceu no último ano”, explicou Salata.

Mesmo com a melhora, concretizada no terceiro trimestre de 2022, o rendimento dos mais vulneráveis ainda está em torno de 22% abaixo do pico da série histórica iniciada em 2012. Para o economista Eduardo Velho, os efeitos do comprometimento da renda das famílias devem ser observados de forma macroeconômica: “O comprometimento da renda basicamente afeta diretamente o consumo do Produto Interno Bruto, ou seja, praticamente 70% hoje da economia brasileira é o consumo das famílias. Em 2021, que a inflação realmente foi alta, praticamente acima de dois dígitos, teve um grande comprometimento da renda das famílias, por exemplo, com alimentação e com combustíveis.” O especialista avaliou que a provável redução da taxa de juros, a geração de empregos e o controle maior da inflação devem contribuir ainda mais para esta tendência positiva.

*Com informações da repórter Letícia Miyamoto

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