Líder do PT na Câmara admite problemas na articulação política: ‘Conversa tem que ser mais reta e objetiva’

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o deputado federal Zeca Dirceu (PT) fez um apelo por mais ‘velocidade, amplitude e previsibilidade’ nas negociações com o Congresso Nacional

  • Por Jovem Pan
  • 05/06/2023 09h29
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Reprodução/Jovem Pan News deputado-zeca-dirceu-pt-entrevista-jornal-da-manha-reproducao-jovem-pan-news Deputado Zeca Dirceu (PT), líder do governo na Câmara, falou sobre a articulação política dentro do Congresso em entrevista ao Jornal da Manhã

Cinco meses após o início do terceiro mandato do presidente Lula (PT), o cenário é nada animador para o Palácio do Planalto. Apesar de aliados comemorarem alguns feitos, como a aprovação do projeto de equidade salarial entre homens e mulheres e a reestruturação do Bolsa Família, o governo tem pouco a comemorar. Isso porque o Executivo já soma outras derrotas no Congresso Nacional, em especial na Câmara dos Deputados, como a aprovação do Marco Temporal de Demarcação das Terras Indígenas e a rejeição a pontos do Marco Legal do Saneamento Básico. Para falar sobre a articulação política do governo, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o líder do PT na Câmara, deputado federal Zeca Dirceu (PT), que admitiu dificuldades no diálogo com o Congresso: “É evidente que existem problemas na articulação política, na relação do governo com o Congresso. Mas o país teve por parte do Congresso vitórias importantes ao longo desses últimos meses.

“O programa Bolsa Família voltou e voltou muito mais forte. Além disso, a PEC da Transição, aquela vitória política que o governo teve em dezembro, ampliou o espaço fiscal para que, depois de 6 anos, o orçamento da Educação, que foi reduzido, pudesse voltar a crescer novamente. Nós estamos salvando as nossas universidades e as ações de pesquisa, tecnologia e inovação. O governo teve outras vitórias, acabou de ter uma grande vitória agora com a aprovação do novo regime fiscal e também da Medida Provisória que reestruturou os ministérios (…) Não dá para quantificar e avaliar o desempenho do governo e da articulação por quantidade de votações, porque algumas votações são muito mais importantes que dez ou vinte outras votações que possam ter ocorrido nesses últimos tempos”, avaliou.

O parlamentar aposta que o presidente é capaz de reverter a situação e melhorar a relação com o Legislativo na base do diálogo e rejeitar métodos utilizados pelo governo de Jair Bolsonaro, como as emendas de relator, comumente chamadas de “orçamento secreto”: “Acredito muito na habilidade do presidente Lula, ele vai conseguir aos poucos criar uma base, diferente do que foi nos últimos anos. É muito fácil você fazer uma base política usando o orçamento secreto, que não existe mais. É muito fácil você fazer uma base política usando a força militar de generais do exército. É muito fácil fazer base política ameaçando a normalidade democrática do país, colocando em questionamento até mesmo as urnas eletrônicas. Foi assim que o outro governo conseguiu maioria política, é muito fácil fazer maioria política entregando todo o orçamento e políticas públicas para sabe lá quem administrar. Foi isso que aconteceu nos últimos anos”.

“Com o presidente Lula e conosco é diferente, nós assumimos o governo do país, assumimos o controle do orçamento e estamos vencendo as diferenças por diálogo. Não com ameaças, polêmicas diárias, fake news e mentiras, como foi a prática do outro governo”, declarou. O deputado também conta com a colaboração do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), na melhora do clima entre Planalto e Congresso: “Eu acho que, apesar dos problemas, a Câmara dos Deputados e o Congresso vão saber separar as coisas. O próprio presidente Arthur Lira já declarou, em relação à reforma tributária, que isso independe da articulação política do governo. É um tema que a Câmara já estudou muito, já tem um entendimento muito apurado, um tema vital para o crescimento do país, para retomar emprego, apoiar indústria e o setor produtivo”.

Para o petista, a articulação política e o trabalho do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, estão no rumo certo. Entretanto, ele faz um apelo por mais “velocidade, amplitude e previsibilidade” nas negociações: “A conversa tem que ser mais reta e objetiva”. Zeca Dirceu também analisou o andamento da CPMI do 8 de Janeiro e criticou setores da oposição ao governo: “A gente têm dois tipos de oposição, importante destacar isso. Uma oposição que respeita a democracia e tem apreço pelos valores democráticos e uma outra que é golpista. Estes golpistas, que estavam inclusive incentivando, financiando e ajudando a organizar não só o ato do dia 8, que não é um fato isolado e vem de um conjunto de fatos criminosos que antecedem as eleições e ocorreram em 2020 e 2021. Esses deputados, essas figuras políticas, esses empresários que incentivaram, apoiaram, financiaram e ajudaram a organizar o que ocorreu no dia 8 de Janeiro já se arrependeram, eles sabem que vai sobrar para eles”.

“Nós estamos fazendo uma ofensiva. Diziam que a gente tinha medo desse tipo de CPMI, mas quem acompanha o dia a dia está vendo o contrário. Nosso pessoal está na ofensiva, fazendo requerimentos, convocações e avançando nas investigações para ajudar e somar forças com que está sendo muito bem feito pela Polícia Federal, pelo Poder Judiciário do país e pelas polícias dos estados. Muita gente foi presa, muita gente vai ser presa, muita gente está sendo investigada e novas investigações vão ocorrer. E quem financiou vai ser identificado e punido conforme a lei prevê. Não estamos fazendo caça às bruxas ou perseguição política. Quem decidiu, e foi a oposição que decidiu, criar a CPMI achando que ia nos intimidar, hoje já se arrependeu porque viu que o feitiço vai virar contra o feiticeiro. Ninguém vai conseguir desfazer o que já compreendeu a grande maioria da população. O que ocorreu ali foi um ato criminoso e terrorista, tentaram destruir a Praça dos Três Poderes e dar um golpe”, argumentou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.

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