‘Lula voltou à Presidência para se vingar’, afirma Marcel van Hattem sobre falas contra Moro
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o parlamentar repudiou as recentes declarações do presidente que colocam em dúvida a operação da Polícia Federal que revelou planos para atacar o senador
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 23, que o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e assassinar autoridades e políticos, dentre eles o senador Sergio Moro (União-PR), seria uma “armação” do ex-juiz. Ameaças contra Moro e outras autoridades foram investigadas pela Polícia Federal e basearam a Operação Sequaz, realizada na quarta, 22, que terminou com a prisão de 12 pessoas. Para falar sobre este embate entre o presidente e o senador, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o deputado federal Marcel van Hattem (Novo), que repudiou as falas do presidente: “Lula voltou à Presidência da República no modo ódio de rancor. Aqueles que achavam que seria ‘Lula paz e amor’, apesar de não haver nenhuma evidência de que isso aconteceria, agora estão provando de um governante que voltou para a Presidência da República para se vingar, como ele mesmo disse”.
“É algo que eu já vinha dizendo há alguns meses, inclusive em artigos veiculados na imprensa, de que este governo Lula é ódio e rancor. Mas agora ele mesmo está dizendo isso. E não apenas disse que um dos seus objetivos, para que tudo fique bem, é se vingar de Sergio Moro e que ele vinha repetindo isso durante o tempo em que estava preso, como agora também desacreditou trabalho da própria Polícia Federal, atacando diretamente as instituições. Isso horas depois do seu ministro da Justiça, Flávio Dino, dizer que foi o governo que protegeu Moro por meio das ações coordenadas, não apenas pela Polícia Federal, como por outros órgãos de segurança pública. A quem interessa isso?”, criticou o parlamentar.
Para Van Hattem, além dos ataques serem “injustificáveis”, não se trata apenas de uma “troca de farpas”, mas um reflexo do risco de instabilidade que o país atravessa em diversos setores. “Já vivemos em uma instabilidade política e econômica muito grande. No Congresso, nada ainda foi votado, mas também percebe-se que nada avança. A estabilidade econômica está aí: Bolsa caindo, moedas estrangeiras subindo em virtude da desvalorização do real (a maior do mundo ontem). Esses ataques ao Banco Central promovidos por Luiz Inácio Lula da Silva são justamente para tentar encobrir esse fracasso econômico, que até aqui tem sido também o seu governo, com aumento de gastos e sem nenhum tipo de responsabilidade fiscal.”
“Ele realmente está vivendo em uma realidade paralela, mas é a realidade que não tem caráter. Muitos têm colocado a culpa em uma eventual senilidade do presidente Lula. Acho isso até injusto com tantas pessoas idosas que são completamente conscientes e honestas e não viveram a vida toda de dar golpes na opinião pública, como foi o caso de Lula, sobretudo agora no último período eleitoral, dizendo de que o amor venceria. Agora estamos vendo apenas ódio, rancor e desejo de vingança”, argumentou. O deputado também comentou o confronto entre os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Nesta quinta, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) contrariou o deputado Arthur Lira (Progressistas) e decidiu retomar de forma imediata as comissões mistas que analisam as Medidas Provisórias.
O rito para a apreciação das MPs do governo tinha sido alterado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da emergência sanitária causada pela Covid-19, o que acarretou na suspensão da tramitação pelas comissões, o que é uma obrigação constitucional, e a adoção de discussões em plenário. Para o parlamentar do Novo, se trata de um conflito que não é bom para o país. “O sistema que foi adotado de votação diretamente em plenário de medidas provisórias não é um sistema que me agrada. O que também nós ponderamos, junto com o presidente Arthur Lira, na reunião de líderes, é que há uma vontade da Câmara dos Deputados de mudar o sistema retirando as comissões mistas, que são de fato comissões em que muitos assuntos são tratados sem a devida profundidade, por mais contraditório que pareça, porque são comissões compostas por 24 parlamentares”, disse Van Hattem. “Mas há tantos assuntos e às vezes tantos jabutis colocados ali, que de fato o trabalho das comissões também não é um trabalho muitas vezes eficiente. Que seja feita uma mudança constitucional, em acordo com as duas casas, e não essa queda de braço entre Câmara e Senado que não é boa para o país”, finalizou.
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