Mais vulneráveis à pandemia, cidades pequenas devem reforçar ações conjuntas

Especialistas apontam que os municípios do interior devem focar na atenção primária para o combate à Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 07/06/2021 06h43 - Atualizado em 07/06/2021 10h17
TARSO SARRAF/ESTADÃO CONTEÚDO Profissionais cuidam de paciente infectado pelo coronavírus Coronavírus

Com a piora da pandemia nos meses de março e abril, a prefeitura de Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana de São Paulo, precisou investir na construção de um hospital de campanha. A unidade possui 20 leitos de enfermaria e 40 vagas com suporte ventilatório e recebe pacientes de toda a região. Segundo o prefeito, Eduardo Boígues, a situação agora é de estabilidade, mas a possibilidade de uma terceira onda preocupa. “Hoje todo cidadão tem um lugar caso precise, um auxílio a quem recorrer. Temos unidades suficiente não só Itaquaquecetuba, mas para estender as mãos para todo alto do Tietê, somos no total de 12 municípios que pertencem ao Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê e a gente acaba estendendo a mão para toda a região”, conta. Nas cidades menores, o cenário pode até ser pior, já que muitas não possuem os recursos necessários para atender os pacientes e acabam dependendo da ajuda de outros municípios. O coordenador do observatório Covid-19 da Fiocruz, Carlos Machado, pondera que apesar de serem mais vulneráveis, os municípios do interior possuem boa cobertura da atenção básica, o que pode ser a chave para controlar o avanço da pandemia. “Nos municípios pequenos, de modo geral, a atenção primária à saúde tem um conhecimento de toda a população, eles têm uma cobertura melhor da atenção primária de saúde, que é diferente dos grandes municípios e das capitais. Mas ao mesmo tempo, eles têm essas carências muitas vezes da proximidade dos laboratórios de referência, dos hospitais e principalmente das distâncias.”

O médico infectologista Julio Croda avalia que com o ritmo atual de vacinação, as cidades menores precisam traçar um plano efetivo de combate ao vírus, atuando em conjunto com outros municípios do entorno. “Não adianta só as cidades maiores fecharem ou imporem medidas restritivas se as pequenas não seguirem esse modelo. O mais interesse é que a resposta chegue coordenada e seja adotada uniformemente entre as diferentes cidades que dependem daquele leito de terapia intensiva da cidade maior”, relata o especialista. Ele avalia que o relaxamento das restrições em diversos Estados é perigoso e pode contribuir para que a pandemia se agrave ainda mais. O médico infectologista lembra que o inverno está se aproximando, época do ano em que os hospitais já ficam mais cheios naturalmente, principalmente nas regiões Sul e Sudeste.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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