Médica toca música em UTI de São Paulo e relata melhora de pacientes

Pesquisas mostram que os sons podem influenciar a produção de serotonina e endorfina, os chamados hormônios da felicidade; psicólogo explica os benefícios da ação para pessoas internadas

  • Por Jovem Pan
  • 31/03/2021 08h02 - Atualizado em 14/04/2021 12h28
Mister Shadow/Estadão Conteúdo Estado de São Paulo ultrapassou as 100 mil mortes em decorrência da Covid-19 Brunna quis aliviar o clima entre os colegas e dar um pouco de conforto aos pacientes da Covid-19 na unidade

Por alguns minutos, a UTI do Hospital Municipal do M’Boi mirim, em São Paulo, trocou o habitual som hospitalar por músicas e canções. A ideia veio da residente de clínica médica, Brunna Falluh. Em contato com a música desde pequena, a Brunna quis aliviar o clima entre os colegas e dar um pouco de conforto aos pacientes da Covid-19 na unidade. “Queria honrar a minha equipe naquele momento, que vem vindo de dias tão difíceis e também representar as famílias dos nossos pacientes que estão internados. Queria levar aquela sintonia de esperança para eles.”

Pesquisas mostram que o som da música é capaz de influenciar a produção de serotonina e endorfina, os chamados hormônios da felicidade. O psicólogo Alexandre Bez diz que ações assim dão mais ânimo aos pacientes. “O diagnóstico de Covid-19 ele é um diagnóstico muito complicado e que leva a uma sensação de desespero e pânico profundo. Essa interação vai ser muito positiva porque vai dar um ânimo para o paciente. A Covid-19 rasga o trato psiquiátrico da mente humana”, explica. A residente Brunna Falluh contou que os pacientes se emocionaram e até apresentaram melhora no estado de saúde. “Alguns choraram, expressaram lágrimas, cantaram. A gente teve a experiência de um paciente que o oxigênio no sangue dele subiu, foi um momento muito especial”, disse.

De acordo com a coordenadora do curso de Musicoterapia da FMU, Ana Maria Caramujo Campos, a música não entra somente pelos ouvidos: as melodias são escutadas com o corpo. A professora explica que os sons beneficiam inclusive pacientes sedados. “Você vai trabalhar em um outro aspecto, mas vai estar atingindo da mesma maneira, porque o cérebro vai recebendo toda essa ativação. Principalmente por meio do sistema límbico, bem arcaico, que está ligado às emoções, então perpassa a área da memória verbal e vai direto para as emoções”, afirmou. A especialista defendeu a presença da musicoterapia em unidades hospitalares brasileiras, e desejou mais iniciativas como a da Brunna. “Estou aqui agradecendo vocês por não desistirem, que vocês não desistam nunca”, disse a residente aos pacientes na ocasião.

*Com informações da repórter Nanny Cox

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