Mesmo com manutenção da taxa Selic, empresários do varejo mantêm expectativa de redução dos juros

Em entrevista à Jovem Pan News, o presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves, afirma que o movimento de corte só virá quando houver aumento no nível de confiança na economia

  • Por Jovem Pan
  • 24/03/2023 14h01
Guilherme Dionízio/Estadão Conteúdo - 05/08/2021 Moedas de R$ 1 formam o mapa do Brasil; do lado direito, há três notas de R$ 2 e uma de R$ 50 Taxa da Selic se manteve em 13,75% na última reunião do Copom, maior patamar desde 2017

Em meio às tensões entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, os representantes do comércio varejista têm criado expectativa para uma possível redução dos juros. Nesta semana, o  Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu de forma unânime manter a taxa Selic em 13,75%, maior patamar da taxa básica de juros desde 2016. A decisão agradou o mercado financeiro, pois mostra foco na meta inflacionária. Contudo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou preocupação pelo comunicado do Copom não ter sinalizado uma possível queda para as reuniões futuras. Em entrevista à Jovem Pan News, o presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves, confia que o movimento de corte dos juros só virá quando houver aumento no nível de confiança: “A gente acredita que vai vir uma redução dos juros com a melhora da economia e com uma visão clara de para onde e qual é o nosso caminho. Economia e varejo tem muito de expectativa e confiança. Nós achamos que a confiança do consumidor vai aumentar e vamos continuar aumentando as vendas também”.

O ex-ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, entende que o Banco Central agiu certo, mas tem que buscar uma redução: “O Banco Central brasileiro foi o mais atento às condições gerais da inflação e do mercado, porque foi o primeiro dos Bancos Centrais de países importantes a subir a taxa de juros preventivamente. O que teve efeito positivo, porque a inflação refluiu, caiu. Então, deve ser obviamente o primeiro também a derrubar”. Furlan vai contra as projeções do mercado financeiro e acrescentou que nem o recente aumento dos combustíveis será impeditivo para a baixa: “Até o impacto dos combustíveis, que todo mundo dizia que ia ter um choque inflacionário, praticamente está sendo absorvido, até com a redução do diesel. Eu vejo o avanço das medidas de governo, em relação a tributos, e vejo também uma queda de juros gradual a partir de junho”.

Junto com o presidente Lula, o empresariado do varejo tem engrossado o coro por uma rápida e consistente redução da taxa de juros. A percepção é a de que, ao adotar tal medida, a economia ganharia forças para segurar o crescimento. O consultor de varejo Marcos Gouvêa indica que é preciso que o Banco Central encontre uma calibragem: “É um tema nervosíssimo nesse momento. É inegável que nós estamos em um patamar de juros muito altos. Juros reais acima de 8%. Mas também é inegável que o quadro econômico faz com que se tenha cautela com a gestão de juros, porque uma redução precipitada pode trazer um dano maior (…) É claro que o país cresce mais com juros menores, mas não pode crescer de forma inconsequente. Buscar o fator de equilíbrio talvez seja a questão mais importante neste momento”.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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