‘Mesmo sem emergência declarada, medo do coronavírus já se instalou’, diz jornalista em Milão

  • Por Jovem Pan
  • 25/02/2020 08h40 - Atualizado em 25/02/2020 13h32
EFE/EPA/SU YANG CHINA OUT Profissional mede temperatura depessoa Drielle destaca também que já há rumores da possibilidade de grandes eventos da cidade sejam cancelados, como o tradicional Salão do Automóvel de Milão

Embora as autoridades locais tentem evitar, o clima nas ruas da Itália é de pânico. É essa a avaliação da jornalista Drielle Sá Cerri, que mora em Milão há cinco anos. Em entrevista ao Jornal da Manhã, ela contou o que foi alterado na rotina dos italianos após sete mortes confirmadas em decorrência do coronavírus.

“A cidade está mais parada e vazia porque a recomendação do governo é evitar aglomerações. As empresas, em geral, pediram aos seus funcionários que fizessem home office e evitassem transportes públicos. Eventos como feiras e a própria Fashion Week foram canceladas por hora.”

Por enquanto, essas medidas são apenas para evitar situações de emergência, mas Drielle garante que o pânico já está instalado nas ruas. “As autoridade fazem questão de falar que não tem situação de emergência, que essas medidas são para evitar que isso aconteça. Mas isso já instaurou pânico, um grande medo das pessoas”, conta.

“Nesse final de semana, após a morte confirmada na última sexta-feira (21), os mercados registraram falta de alimento porque venderam muito acima do esperado. Então as pessoas já estão estocando comida. Se você levar em consideração que, na Itália, a água da torneira é potável, não faz sentido as pessoas estocarem até isso.”

De acordo com a jornalista, nas redes sociais e rodas de amigos só se fala sobre o coronavírus. “No WhatsApp só se fala sobre isso, as pessoas repassam vídeos de supostos médicos com recomendações. Tem a sensação de fim de mundo, de apocalipse. Mas o pânico está acima do que é passado pelas autoridades.”

Drielle destaca também que já há rumores da possibilidade de grandes eventos da cidade sejam cancelados, como o tradicional Salão do Móvel de Milão que acontece em abril e tem grande influência na economia local. “É o momento de primeiro impacto. Todos estão tentando lidar com o que está acontecendo, o que é ou não verdade. As autoridades só dizem que o perigo existe porque o vírus ainda é novo e não temos anticorpos.”

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