Milhares de venezuelanos ingressam no Brasil em busca de uma vida melhor

  • Por Jovem Pan
  • 06/03/2019 08h57 - Atualizado em 06/03/2019 09h21
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Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil Imigrantes venezuelanos cruzam a fronteira com o Brasil. Seja por dificuldades econômicas ou em busca de refúgio político, mais de 70 mil venezuelanos vieram para o Brasil até o fim do ano passado

Abandonar a própria casa, ficar longe dos familiares e se desligar da cultura são alguns dos preços pagos por milhões de venezuelanos que emigraram do país latino-americano.

Seja por dificuldades econômicas ou em busca de refúgio político, mais de 70 mil venezuelanos vieram para o Brasil até o fim do ano passado. Quase cinco mil foram interiorizados em 17 Estados, durante a Operação Acolhida, uma parceria do Governo federal com o Alto Comissariado das Nações Unidas.

São Paulo já recebeu 780 venezuelanos trazidos pela operação. Boa parte deles está abrigada em centros de acolhimento e casas de passagem, como Maria Carolina Melo. A escritora saiu da Venezuela e seguiu para a Itália na tentativa de construir uma vida melhor para os filhos. O salário dela e do marido mal conseguia comprar comida suficiente para o mês.

Os planos, no entanto, mudaram quando o marido dela precisou deixar a Venezuela junto com a família e veio para o Brasil e a escritora juntou-se a eles. O marido de Maria Carolina, o administrador Julian Rodriguez, que hoje trabalha como pedreiro, é um refugiado político. Além das dificuldades econômicas, ele deixou a Venezuela após ameaças de integrantes do governo Maduro.

Julian trabalhava como funcionário de um dos governos estaduais do país, comandado pelo partido de oposição. Ele denunciava ações da gestão de Maduro, como a retirada de recursos de verbas estaduais para campanhas políticas. Julian atravessou a fronteira de Roraima disfarçado de turista em um táxi, junto com os filhos e o pai de Maria Carolina. Chegando a Boa Vista, pediu asilo e conseguiu ser transportado para São Paulo, como parte da Operação Acolhida do governo brasileiro, em parceria com a ONU.

A estudante Gabriela Romero não teve a mesma ajuda. Depois de atravessar a fronteira a pé, ela seguiu pedindo caronas até chegar a São Paulo. Hoje, ela vive em um centro de acolhimento da prefeitura. Ela foi a última integrante da família a deixar a Venezuela. A mãe dela está no Chile e os irmãos em Roraima. A estudante de 22 anos, que hoje trabalha como camareira, saiu sozinha da cidade onde morava depois que a situação econômica ficou insustentável.

Na tentativa de se adaptar à nova realidade, venezuelanos são personagens da própria história de luta por uma vida melhor.

*Informações da repórter Victoria Abel

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