Mineração aumenta no Brasil, impulsiona crescimento, mas garimpo ilegal ainda preocupa

Total de área explorada saltou de 31 mil hectares em 1985 para 206 mil hectares em 2020; alta foi de mais de 500%

  • Por Jovem Pan
  • 30/08/2021 06h48 - Atualizado em 30/08/2021 20h49
Victor Moryama/ISA/Divulgação garimpo-dicaprio Mineração industrial, aquela feita com todas as licenças ambientais, perdeu espaço

Essa é uma terra rica. A variedade mineral contida no subsolo brasileiro chama atenção de investidores estrangeiros. O potencial coloca o Brasil em destaque no cenário mundial. A atividade extrativista cresce e muito. O total de área explorada saltou de 31 mil hectares em 1985 para 206 mil hectares em 2020. O berço de tantos recursos é a Amazônia. A área concentra 72,5% de toda a exploração do país. Ferro, alumínio e ouro respondem pelas maiores produções. O professor Pedro Walfir, coordenador do Mapbiomas, projeto que traz os dados sobre a mineração, faz duas analises dos números. Uma é positiva: esse segmento econômico é fundamental para o desenvolvimento da agenda do mundo, que é diminuir as emissões de carbono.

“Onde o petróleo está deixando de ser aquela grande fonte de energia para o desenvolvimento e a gente está vendo o impacto dessa fonte de energia nas mudanças do clima. Por exemplo, se a comunidade europeia vai deixar de produzir carro a combustão a partir de 2030, 2040, novos carros vão ser produzidos — mas vão ser elétricos. E esses carros elétricos precisam de baterias para funcionar. E elas não existem. Essas baterias precisam de substâncias minerais para serem produzidas. Cobre, níquel, nióbio. Vai existir uma demanda, uma corrida, para o aumento da produção dessas substâncias minerais.”

O problema é que, quando analisamos o aumento da atividade no Brasil, vemos que a mineração industrial, aquela feita com todas as licenças ambientais, perdeu espaço. Enquanto isso, o garimpo ilegal aumentou. Hoje, segundo levantamento do Mapbiomas, a atividade responde por mais da metade das áreas de extração mineral. A maior expansão da prática ocorreu a partir de 2010, coincidindo com o avanço sobre territórios indígenas e unidades de conservação. “Quando se implanta um garimpo ilegal numa região, ninguém sabe quanto de ouro tem ali. Ninguém sabe qual vai ser o tamanho da área que vai ser suprimida. Ninguém fiscaliza, ninguém determina. Então o impacto ambiental dessa atividade é enorme. Todo mundo sempre soube que existe no Brasil  mineração em área indígena. Mas quando a gente informa que nos últimos 10 anos teve aumento de 500% dessa área, isso é assustador.”

Já a garimpagem em áreas de conservação avançou 300% nos últimos 10 anos. Pedro alerta para o impacto ambiental da exploração sem controle: o despejo de metais pesados nas bacias hidrográficas e de rejeitos sólidos que vai para os rios transforma completamente a qualidade da água — afetando flora e a fauna. A pesquisa pretende munir o poder público com informações para que melhores decisões sejam tomadas, estimulando a atividade industrial e reprimindo o garimpo.

*Com informações da repórter Carolina Abelin 

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