Ministério Público investiga nível alarmante da represa Jurumirim

Com nível do reservatório abaixo de 20%, o MP-SP instaurou um procedimento para averiguar as causas desabastecimento

  • Por Jovem Pan
  • 27/11/2020 07h56 - Atualizado em 27/11/2020 11h33
Cláudio Nascimento/ TV TEM Represa de Jurumirim Munícipes lançaram uma petição na internet em defesa da Represa de Jurumirim e da preservação do Meio Ambiente e da fauna, em Avaré

A tristeza de quem vê seu negócio abalado pelo descaso das autoridades. “O setor de turismo foi o mais afetado durante a pandemia. Agora, que está havendo uma flexibilização para tentativa de volta à normalidade, a região se depara com o impacto causado pela represa que está sendo esgotada dia a dia. Então é uma situação complicada. Hotelaria, que é o coração do turismo é a mais afetada”, conta o empresário José Carlos Camargo, dono de um hotel às margens da represa de Jurumirim. Casos como dele espelham a situação de quase todos os moradores e estabelecimentos que dependem do local para se manter e veem as receitas minguando. Notando esta situação crítica, o Ministério Público de São Paulo, por meio da Promotoria de Justiça de Itaí, instaurou um procedimento para averiguar as causas dos baixos níveis de abastecimento que vem afetando drasticamente o meio ambiente, a fauna e o turismo de várias cidades do Oeste Paulista.

O nível do reservatório tem ficado abaixo de 20%, índice pra lá de alarmante. O que mais desagrada a quem habita e trabalha nos municípios banhados pela represa é o descaso e falta de sensibilidade dos órgão governamentais, especialmente o Operador Nacional do Sistema Elétrico. O Ministério Público vai averiguar as responsabilidades ambientais da CTG Brasil, braço da chinesa China Tree Gorges, concessionária responsável pela administração e também do ONS. O assunto tomou conta das discussões no plenário da Câmara Municipal de Avaré. A vereadora Adalgisa Ward defende a criação de um Fórum permanente sobre o tema. “Nós precisamos fazer alguma coisa para recuperar o nível da represa com urgência. Então vocês vejam a responsabilidade desta Casa de Leis. Eu fiz um requerimento solicitando a criação de um Fórum permanente em defesa da nossa represa para que seja discutido o baixo nível do reservatório de água.”

A Cesteb, órgão responsável por fiscalizações ambientais, será notificada para que encaminhe à Promotoria um relatório indicando eventuais riscos ao meio ambiente causados pela baixa do nível, bem como sobre a regularidade da hidrelétrica. Os habitantes das cidades banhadas pela represa indicam que desde que a CTG Brasil assumiu a concessão o nível das águas dificilmente ficou num patamar aceitável.  José Carlos Camargo lembra que, numa audiência pública a empresa se comprometeu a restabelecer o volume. “Depois que a empresa passou  ser administrada pela CTG Brasil começamos a ter problemas com o nível da represa, que chegou a 11%. No ano passado, teve uma audiência pública e, na época, eles se comprometeram a elevar o nível da represa. Eles fizeram isso, chegou a subir, mas não chegou ao aceitável”, comenta. As mobilizações não param por aí. Munícipes lançaram uma petição na internet em defesa da Represa de Jurumirim e da preservação do Meio Ambiente e da fauna, em Avaré.  A iniciativa, que já teve adesão de quase 8 mil pessoas, pede que seja firmado um compromisso da empresa chinesa e do ONS, para que o nível da represa seja mantido, no mínimo, em 40%.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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