Mudanças climáticas: os alertas sobre o meio ambiente e o futuro da humanidade

Organização Meteorológica Mundial projeta que até 2025 a temperatura global tenha 40% de chance de ultrapassar o limite de 1,5ºC de aquecimento; cientistas falam sobre os impactos da pandemia

  • Por Jovem Pan
  • 19/07/2021 09h41 - Atualizado em 20/07/2021 08h12
Pixabay Geleias derretendo Relatório alerta que, na tendência atual, estamos caminhando para um aquecimento de 3ºC na melhor das hipóteses

Colapso do meio ambiente, calor extremo, novas pandemias, falta de alimentos e cidades ameaçadas pelo aumento do nível do mar. Parece roteiro de ficção, mas os impactos climáticos podem se tornar reais nos próximos 30 anos, alerta o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Desde 1988, o órgão consultivo da Organização das Nações Unidas (ONU), fornece as avaliações científicas mais confiáveis do mundo sobre o tema. Pesquisadores de 90 países trabalham no sexto Relatório de Avaliação do IPCC que será publicado oficialmente em 2022. O documento de quatro mil páginas influencia as decisões políticas de 193 países, mas cientistas alertam que se quisermos diminuir os impactos de um futuro sombrio, mudanças efetivas precisam ser feitas agora. Dentro da história de 4,5 bilhões de anos, o planeta Terra experimentou eras de menor e maior calor. Porém, as ações humanas têm acelerado as mudanças no clima, como explica o coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento no Cemaden e membro do IPCC, José Antônio Marengo.

“No terceiro relatório se dizia que existem indicações que o efeito humano é importante para a mudança climática. Já no último, em 2014, se mostra um pouco mais claro que a atividade humana é dominante nas ações de mudança climática, ou seja, se o aquecimento global é um processo natural ele está sendo intensificado pelas ações humanas, isso que o relatório mostra”, explica. Uma década atrás, os cientistas acreditavam que limitar o aquecimento global em 2ºC seria suficiente para salvar o nosso futuro. A meta é contemplada no Acordo de Paris, de 2015, adotado por 197 países que prometeram conter o aquecimento entre 1,5 e 2°C.  O relatório alerta que, na tendência atual, estamos caminhando para um aquecimento de 3ºC na melhor das hipóteses.

A Organização Meteorológica Mundial projeta que até 2025 a temperatura global tenha 40% de chance de ultrapassar o limite de 1,5ºC de aquecimento. O calor sem precedentes no hemisfério Norte, a cheia histórica do Rio Negro que colocou Manaus debaixo d’água, mostram que não é preciso esperar o futuro para sentir os efeitos das mudanças climáticas. De acordo com o meteorologista da Climatempo, Pedro Regoto, algumas barreiras já foram ultrapassadas. “Com o aquecimento que nós temos, a Groelândia nãos consegue fazer a sua manutenção e sustentação da sua camada de gelo. Se o planeta Terra tem um aquecimento muito grande, muito acentuado, toda a energética da Terra é maior. E se a energética da Terra é maior, todos os movimentos podem ser mais intensos”, esclarece o especialista. “O pior ainda está por vir e afetará as vidas dos nossos filhos e netos muito mais do que as nossas”, diz o documento. Para José Antônio Marengo, a frase de impacto do relatório revela o tom das projeções que foram aceleradas pela pandemia.

“Que nós já estamos vivendo essas inseguranças no momento, agravados com a crise da Covid-19. O IPCC nunca pensou que a Covid-19 poderia entrar [no relatório], mas entrou na última hora, porque isso agrava as crises ambientais. Já estamos esperando mudanças ambientais para as próximas décadas”, disse. Em resposta ao documento do IPCC, a jovem ativista sueca, Greta Thunberg, diz que é hora de agir em vez de procurar culpados. “Acredito que se entendêssemos as consequências da crise climática tomaríamos alguma ação, mas como o nível de conscientização é pequeno, não estamos tratando a situação como um crise. Estamos apenas culpando e apontando o dedo, esperando que o próximo tome uma atitude quando podemos começar a agir por nós mesmos”, disse. As pesquisas preliminares do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas servirão de análise na COP 26, Conferência das Nações Unidas para o Clima, que acontecerá em Glasgow, na Escócia, em novembro.

*Com informações da repórter Lívia Fernanda

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