Na CPMI das fake news, dono do Terça Livre diz ser perseguido por sites de checagem
O fundador do blog Terça Livre, Allan dos Santos, afirmou, nesta terça-feira (5), durante a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news, que é perseguido por sites de checagem de notícias. Ele é investigado pela prática de divulgação de matérias falsas e hostilidade contra jornalistas e autoridades.
Entre as reportagens apresentadas na comissão, estão, por exemplo, a notícia de que o petista Fernando Haddad teria uma ligação com uma quadrilha na Bahia e outra que diz que o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, teria sofrido um infarto por consumo excessivo de drogas.
Santos alegou que existe falta de interpretação de texto sobre as matérias publicadas pelo Terça Livre. “Obrigado pela oportunidade de vir aqui esclarecer esses inúmeros ataques de notícias falsas feita por empresas milionárias, que tem um volume e um alcance maior que o meu. Todos nós sabemos da crise intelectual que o Brasil vive hoje, a incapacidade das pessoas de ler, escrever, é muito grande, o índice de analfabetismo funcional é elevadíssimo. Só que nós estamos imersos num lamaçal de deserto de ideias. Pessoas que não sabem ler e escrever, que quando nós noticiamos alguma coisa que alguém disse, quer atribuir isso ao portal. E isso é matar a imprensa”, disse.
Ele também usou a prerrogativa do sigilo da fonte para a publicação de notícias e afirmou que os alvos das matérias são os únicos com legitimidade para cobrar esclarecimentos.
Questionado pelo deputado Rui Falcão (PT), o blogueiro negou que ele e a empresa sejam financiados com dinheiro público e se dispôs à quebra do sigilo fiscal. “São muitos [doadores]. Não, infelizmente. Nenhum empresário ou parlamentar fez doação. A média mensal é US$ 5. Eu tenho outras fontes de receita. Eu já falei que vou disponibilizar [o sigilo fiscal e bancário]. Eu falei”, garantiu.
Santos afirmou, ainda, que trabalhou apenas como voluntário na campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL).
Em depoimento à CPMI na semana passada, o deputado Alexandre Frota (PSDB) chamou o blogueiro de “chefe da milícia” e disse que ele ativa seguidores nas redes sociais para promoverem linchamentos de adversários do governo federal.
O fundador do site negou as acusações e disse não fazer parte do chamado “gabinete do ódio”, grupo formado por servidores do Palácio do Planalto acusado de divulgar notícias falsas e contribuir para a radicalização política.
Santos explicou, ainda, que conseguiu uma credencial de acesso à Câmara dos Deputados por meio da secretaria-geral da mesa da Casa.
*Com informações do repórter Vinícius Moura
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