No Brasil, chanceler da Polônia discute guerra no leste europeu
Vice-ministro de relações internacionais destacou que os desafios da invasão são globais e exigem que todos se envolvam
Em reunião com jornalistas, o vice-ministro de relações internacionais da Polônia, Marcin Przydacz, abordou a guerra na Ucrânia, defendeu o direito de qualquer governo se aproximar da Otan, falou sobre o acordo para retomada da exportação de grãos e qual seria papel do Brasil na solução do conflito. O chanceler lembrou que o país faz parte do Brics, bloco econômico que inclui a Rússia, mas destacou que os desafios da invasão são globais e exigem que todos se envolvam: “Nenhum país deveria ficar de fora, o Brasil já tomou posições muito firmes e importantes ao votar nas Nações Unidas no começo da guerra contra a Rússia”.
“Eu realmente creio que como Estados democráticos devemos manter essa posição: condenar a Rússia e exercer pressão para parar essa guerra”, declarou Przydacz em entrevista à Jovem Pan News. Perguntado sobre a reunião de Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores na qual o presidente fez críticas ao sistema eleitoral brasileiro, o representante do governo polonês destacou que o país respeita a soberania nacional e que tem o dever de tomar conhecimento e acompanhar o processo, mas sem intervir em políticas domésticas.
“Eu tenho convicção de que as instituições democráticas brasileiras vão lidar corretamente com todos os problemas que estão em sua frente. A campanha eleitoral e o sistema de votação estarão de acordo com as regras democráticas. Eu acredito que a sociedade brasileira terá a chance total de votar corretamente, então a Polônia está muito interessada em uma colaboração mais próxima e em estreitar nossas relações com o presidente do Brasil. Quem quer seja ele, ou ela, não depende de nós, depende de vocês brasileiros definir quem será o seu presidente”, afirmou.
O embaixador da Polônia no Brasil, Jakub Tadeusz Skiba, ressaltou que é função dos demais países respeitar a escolha democrática da população, entretanto também é obrigação da comunidade internacional debater esse tipo de tema: “Comentar sobre isso [eleições] não é só um direito, mas um dever de nossos países. Por quê? Porque o Brasil é um membro muito importante da comunidade internacional, uma país enorme, o maior em toda a América Latina, e a influência das políticas brasileiras em todo o mundo é muito forte”.
O vice-ministro Przydacz ainda mencionou o encontro com o chanceler Carlos França, no Itamaraty, para discutir formas conjuntas de abordar o fortalecimento de colaborações econômicas e políticas entre os países: “Nós passamos quase o dia todo discutindo as possibilidades para fortalecer nossas colaborações econômicas. Podemos encontrar oportunidades de investir mais, tanto para investidores brasileiros na Polônia, quanto empreendedores poloneses no Brasil”.
“Também discutimos como estreitar nosso diálogo político e esperamos que hajam novas reuniões com altos funcionários e também representantes de comissões econômicas de ambos os governos para abordar devidamente todos os desafios em nossa frente. Discutimos, claro, o desafio de segurança, como enfrentar a agressão da Rússia e como limitar todas as repercussões negativas dessa guerra. O que nossos dois países estão enfrentando? Inflação, preço da energia, uma possível crise alimentar e uma crise econômica”, projetou o chanceler.
*Com informações da repórter Katiuscia Sotomayor
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