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Obesidade entre crianças e adolescentes cresceu dez vezes nos últimos 40 anos, diz estudo

Brasil, São Paulo, SP. 02/03/2009. Maria Francisca de Souza com a filha Adriana de Souza Pereira, que está acima do peso para a idade, na cozinha de sua casa em São Paulo. Considerada um problema de saúde pública, a obesidade infantil passou a atingir mais crianças atendidas pelo Bolsa-Família nas Regiões Sul e Sudeste do País do que a desnutrição. É o que aponta mapeamento feito com base em dados do programa. Em dezembro de 2006, 11% das crianças de 0 a 9 anos atendidas pelo Bolsa-Família estavam desnutridas no Sul e no Sudeste, ante 10,4% com risco de sobrepeso. Essa relação se inverteu em dezembro de 2008: 10,2% ante 11,3%. - Crédito:NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:48701

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O número de crianças e adolescentes obesos aumentou 10 vezes nos últimos 40 anos e se nada mudar até 2022, o mundo terá, pela primeira vez, mais gordinhos do que desnutridos.

A conclusão é de um estudo gigantesco da Organização Mundial de Saúde liderado pelo Imperial College de Londres, que analisou 130 milhões de pessoas.

Foi publicado pela revista The Lancet para chamar a atenção para o Dia Mundial da Obesidade, celebrado nesta quarta-feira (11).

A pesquisa põe foco na variante renda. Quando maior o poder aquisitivo, mais baixo e estável é o IMC, o índice de massa corporal.

Jovens da classe alta de países da europa parecem estar respondendo às políticas de saúde pública preocupadas com a qualidade de vida. Estão sendo informados sobre os perigos da má alimentação, por exemplo. O que não ocorre com os adultos, que estão engordando.

Para a presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade, Maria Edna de Melo, está claro que o acesso à informação em qualquer lugar tem feito a diferença: “a questão da informação é determinante para que a gente modifique nossos hábitos, entenda o que estamos comendo. Infelizmente no Brasil as políticas de saúde pública não andam na velocidade com que anda o aumento da obesidade”.

As regiões com aumento absoluto no número de jovens com obesidade foram no leste da Ásia, Oriente Médio e norte da África. Populações que até outro dia passavam fome e, de repente, foram introduzidas a alimentos saborosos, gordurosos, açucarados, industrializados e baratos.

A pesquisa faz relação direta do peso com a urbanização e o crescimento do PIB dos países, porque na conta entra ainda mais dependência tecnológica, menos atividade física e publicidade agressiva de alimentos de baixa qualidade.

E pondera também a resistência da indústria alimentícia. A endocrinologista Maria Edna, da Abeso, cita um exemplo brasileiro do problema mundial, uma proposta de lei que obrigaria o fabricante a acusar no rótulo o grau calórico do alimento, que está parada no Congresso: “como se fosse um carimbo em forma de octógono. Quanto mais octógonos tem, menos saudável ele é”.

No Brasil, quase 60% da população tem excesso de peso. Além de reduzir a qualidade de vida, a obesidade pode predispor a doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, e alguns tipos de câncer.

A OMS, inclusive, aponta a doença como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo.

*Informações da repórter Carolina Ercolin

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