Oito em cada dez crianças têm comportamento afetado pela pandemia, alerta entidade

Estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria aponta sintomas de irritação, ansiedade e a tristeza como os problemas mais identificados pelos pais

  • Por Jovem Pan
  • 13/04/2021 09h19
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DEIVIDI CORREA/ESTADÃO CONTEÚDO Crianças sentadas em um banco no pátio da escola, na cidade de São Paulo Ortopedista pediátrico David Nordon observa que as mudanças na rotina podem também estar atrasando o desenvolvimento das crianças

Se lidar com as privações da pandemia não tem sido fácil para adultos, imagina para as crianças. A Juliana Vieira, que é mãe da Lara de 11 anos e do Artur de 5 anos, conta que o filho mais novo está muito ansioso. Se antes não gostava de sair de casa, agora é só o que ele quer. “Ele sempre foi muito caseiro e agora se chegar os Correios na portaria ele fala: ‘eu vou junto’. Ele fala, fala, fala e qualquer coisinha ele quer ir pra rua quer ir ver.” Muitas famílias passam por esta mesma situação. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria, que consultou mais de 900 profissionais, oito em cada 10 crianças têm apresentado alterações comportamentais. Entre os problemas mais citados pelos pais estão: irritação, ansiedade, tristeza. O alerta da entidade é que se esses sinais não tiverem a devida atenção, poderão evoluir para transtornos mais graves.

O ortopedista pediátrico David Nordon observa que sintomas psicológicos são reflexo de mudanças na rotina, que podem também estar atrasando o desenvolvimento das crianças. O profissional relata muitos casos de atrasos na evolução motora e cognitiva. “A gente tem visto por exemplo atraso de fala e da parte de vista motora também. Imagino uma criança que ficam em casa, mesmo em um apartamento, que não consegue sair, acaba ficando muito restrita com relação às coisas que ela pode fazer. Não não consegue subir e descer escadas, andar de bicicleta, andar de patinete, pular, essa restrições acabam atrasando porque ela não tem oportunidade de desenvolver e a gente fica em dúvida se o atraso se deve exclusivamente à pandemia ou se a criança já tinha alguma coisa que está atrapalhando desenvolvimento dela”, explica. David sugere que os pais observem o gráfico de desenvolvimento que vem na carteira de saúde dos pequenos com os marcos e as idades como por exemplo: engatinhar aos nove meses, combinar pelo menos duas palavras aos 18 meses. Outro cuidado que não deve ser esquecido é o de tomar Sol diariamente, mesmo que seja dentro da casa. A falta de vitamina D em casos graves está associada ao raquitismo, que compromete o crescimento.

*Com informações da repórter Carolina Abelin

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