Óleo no Nordeste afeta turismo, comércio e pesca; moradores temem futuro

  • Por Jovem Pan
  • 29/10/2019 07h11 - Atualizado em 29/10/2019 10h25
EFE/MARCOS RODRIGUES Ministério Público quer que governo aplique Plano Nacional de Contingência (PNC) para incidentes com óleo

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, apresenta, nesta terça-feira (29), o resultado das ações federais de combate às manchas de óleo nas praias do Nordeste. Procuradores dos nove Estados da região, recorreram ao Tribunal Federal da 5ª Região, nesta segunda-feira (28), para que o governo seja obrigado a acionar o chamado Plano Nacional de Contingência (PNC) para incidentes com óleo.

O procuradores listaram dez pontos para provar que isso ainda não aconteceu e alegam que, para que o plano seja  colocado em funcionamento, é preciso que o comitê de suporte às ações seja instalado com um representante de cada estado prejudicado.  Ainda segundo o Ministério Público (MP), o plano exige transparência das ações, o que não estaria acontecendo.

O governo garante, no entanto, que a implementação do programa já começou faz tempo. Segundo o Ministério da Defesa, foi instalado, por exemplo, um grupo de acompanhamento das ações, que trabalha em conjunto numa ação integrada com os comandos de Salvador e Recife.

Os procuradores, por sua vez, também reclamam que faltam ferramentas adequadas para proteção de áreas sensíveis e vulneráveis e questionam as explicações do governo de que as boias de contenção não são eficientes para conter o óleo – que seria mais denso que a água e que, por conta disso, não fica na superfície.

Nesse momento, no entanto, a grande preocupação na região é com a chegada do óleo na área de mangue. O guia turístico Vandélcio Santana explica que a maré cheia tem trazido o resíduo de petróleo para cada vez mais perto. “Com esse óleo aqui dentro, a vida não vai conseguir se proliferar, não vai se expandir como sempre aconteceu nessa cadeia alimentar. Então o bioma, tanto da terra, quanto do mar, está aqui. Então isso é um desastre. Esse óleo não pode continuar nas nossas vidas”, lamentou.

Com medo da contaminação, a população sumiu das peixarias. Ninguém está querendo se arriscar. A comerciante Eralda da Conceição sentiu na pele os efeitos da pausa nas vendas. “As vendas diminuíram muito, muito mesmo. Estou abrindo, mas daqui a pouco estou fechando. Por esse motivo as vendas estão poucas mesmo, não estou vendendo nada. Estou abrindo [o comércio] para tentar, mas está devagarzinho”, contou.

Se não tem procura, os pescadores também já começam a passar dificuldades. Segundo a catadora de marisco, Adriana Maria Sales,  mesmo sem sinais aparentes de óleo, não adianta  tentar trabalhar. “Agora ninguém está vindo mais pescar porque não adianta. Está pegando e só guardando. Não está vendendo. Só quando passar essa agonia, se Deus quiser, e liberar nossa pesca de volta para a gente continuar. Mas até agora é isso: só vir, olhar e deixar para lá. Até passar essa agonia.”

O governo  anunciou que vai liberar recursos para os municípios atingidos pelas manchas de óleo e garantir pelo menos mais duas parcelas do seguro defesa para os pescadores da região.

*Com informações da repórter Luciana Verdolin 

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