ONG cria centro formador de atletas de eSports em favela do Rio e espera virar referência
Jovens de time na favela do Vigário Geral ganham salário mínimo e estrutura de ONG para treinar e competir em jogos online
O crescimento dos eSports, competições profissionais de videogame, é visível nos últimos anos. O mercado de games, inclusive, já ultrapassa o do cinema e da música juntos. Segundo estudo da Technet Immersive, a indústria de jogos é avaliada em US$ 163,1 bilhões, equivalente a mais da metade do valor de toda indústria do entretenimento mundial. Assim, o que antes era apenas um passatempo, sobretudo para famílias que não têm muitas opções de lazer, passou a ser a profissão. Um dos exemplos vem do Afrogames, projeto de inserção de esportes eletrônicos em áreas carentes. Em uma sala exclusiva na sede da ONG na favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, jovens e adolescentes atendidos pelo projeto têm à disposição os melhores equipamentos, além do treinamento com profissionais especializados. Aos 21 anos, Thiago Pestana é um atleta da modalidade. A agenda dele é cheia, mas focada em resultados. “De segunda a sexta a gente tem aqui aulas de física, aulas com a psicóloga e aulas de inglês. Meu sonho mesmo é aprender mais, ser uma pessoa habilidosa, continuar jogando mais e mais e talvez eu e meu time a gente possa participar de campeonatos e torneios internacionais e nacionais”, projeta.
Os acontecimentos nesse meio são tão repentinos, que a Gabriela Evellyn, de 19 anos, ainda está surpresa com sua própria capacidade. “Entrar nesse time foi uma surpresa, porque eu não sabia que estava tendo a capacidade, porque eram 100 alunos e eu fui uma dela. Fiquei muito feliz, mudou muita coisa na minha vida, tanto financeiramente quanto, sei lá, acho que meus objetivos mudaram e muitas coisas surgiram”, afirmou. Dario Costa, executivo da Afrogames, diz que o local enxerga o potencial e dá condições para que os frutos sejam colhidos. “O potencial aqui é muito forte. A galera toda, embora não tenha computadores em casa, a maioria joga nos celulares e a gente conseguiu ver essa possibilidade deles virem para o projeto e se destacarem no eSport. Acredito que dentro da comunidade a maior dificuldade é essa, eles não possuem recursos disponíveis para jogarem como as pessoas que moram em lugares mais favoráveis conseguem ter esses equipamentos de boa qualidade para estarem jogando”, afirmou. A iniciativa conta com apoio de empresas privadas desde 2019, e começou com a oferta de cursos de programação de games e inglês. Hoje, o time tem seis integrantes que recebem um salário mínimo cada e contam com estrutura para treinar corpo e mente. Assim, a superação é vista como nos jogos, a cada fase e etapa vencida, prontos para comemorar e esperar o próximo desafio.
*Com informações do repórter Fernando Martins
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