ONG recupera alimentos que seriam jogados fora e ajuda milhares em SP

Doações chegam às 42 entidades atendidas pelo Banco de Alimentos; orientados por nutricionistas, funcionários da organização vão recolhendo as comidas

  • Por Jovem Pan
  • 23/05/2021 12h08
Reprodução/Banco de Alimentos Colaboradora do Bando de Alimentos entregando cartão para compra de alimentos Número de beneficiados pela ONG Banco de Alimentos ficou ainda maior durante a pandemia

Cerca de 19 milhões de brasileiros passaram fome nos últimos meses. O dado é resultado do Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. Segundo o Índice de Desperdício de Alimentos, medido pela ONU, 931 milhões de toneladas de alimentos foram para o lixo em 2019: ou seja, 17% do que é disponível para consumo foi desperdiçado. E é aí que entra o trabalho de ONGs como a Banco de Alimentos, que busca comida onde ela sobra para levar diretamente a quem falta. Esse é o trabalho de Carlos Roberto Pardini. Motorista da ONG há 18 anos, ele percorre cerca de 150 quilômetros por dia com o bagageiro do caminhão cheio de alimentos que seriam jogados fora. “Eles olham e se tem uma manchinha, eles já acham que está estragado”, diz Pardini.

Orientados por nutricionistas, Carlos e os outros funcionários da organização vão recolhendo os alimentos. Depois desse caminho, as doações chegam às 42 entidades atendidas pela ONG. Só hoje, o Centro Juvenil Salesiano Dom Bosco, que fica no Alto da Lapa, em São Paulo, recebeu 185 kg de alimentos que seriam desperdiçados e, agora, vão para os pratos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Diretor do local, Antonio Crestani conta que quase tudo o que é consumido no Centro, que chegava a atender 450 pessoas todos os dias antes da pandemia, vem da ONG. “Nós já recebemos as doações do Banco de Alimentos desde 2012. E, principalmente na questão de frutas, verduras e legumes, 70% do que consumimos vem do Banco. A verba que a gente recebe nunca é suficiente para comprarmos tudo e faz aquilo complemento para que a gente possa oferecer uma alimentação mais saudável para todos eles”, explica Crestani.

Fundadora e presidente da ONG Banco de Alimentos, Luciana Chinaglia Quintão, conta que mais de 23 mil pessoas por dia são atendidas e o número de beneficiados ficou ainda maior durante a pandemia. “Hoje, tudo que essa entidade está servindo vem do Banco de Alimentos, com excessão da carne e da alface. Todo o resto veio do Banco de Alimentos. A colheita urbana tem tido uma média de 100 toneladas ao mês. Com a pandemia, nosso trabalho se expandiu. Nós começamos a entregar cestas básicas dentro de comunidades, carregados também por recursos financeiros para que as pessoas possam fazer uma compra, com o benefício desses recursos ficarem na economia local. É um duplo benefício”, explica Luciana. Além de ajudar os outros, o trabalho na organização também faz os próprios funcionários, como Carlos, repensarem suas atitudes. “É uma lição de vida fazer o que nós fazemos. No começo parecia meio estranho, mas depois a gente foi se adequando e entendendo. Mudou muito a minha vida. Tanto no dia a dia como em casa. O desperdício que a gente costuma ter no dia a dia é muito grande e a gente vai levando um pouco dessas coisas que a gente aprende aqui para casa também”, diz.

*Com informações da repórter Beatriz Manfredini 

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